Uma tradição colorida: as fitas do Senhor do Bonfim da Bahia

Um dos souveniers mais reconhecidos de Salvador e até mesmo do Brasil é sem dúvida a fita do Senhor do Bonfim. Encontradas em várias cores com as seguintes palavras gravadas “Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia”, estas fitas acabam por ser muito mais do que um acessório.

Inicialmente as fitas eram conhecidas como “Medida do Bonfim”, pois media exactamente 47 centímetros de comprimento, que, por sua vez, era a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo, escultura que foi esculpida em Portugal no século XVIII e que se encontrava na Igreja do Senhor do Bonfim, uma das igrejas mais famosas de Salvador.

MG_umatradicaocoloridaasfitasdosenhordoBonfimdabahia_2Os primeiros registos sobre estas fitas são de 1809 e sabe-se que inicialmente eram presas ao pescoço como se fossem um colar, no qual penduravam pingentes e medalhas com simbolismo religioso. Sabe-se também que esta tradição esteve um pouco desaparecida, durante a década de 50, mas que nos anos 60, com o movimento hippie, voltaram a aparecer. Contudo, já não como colar, mas amarradas nos pulsos. Hoje em dia são mundialmente conhecidas.

Apesar de ser uma tradição com bastante influência católica, trata-se, na verdade, de uma mistura de tradições entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras. Acredita-se que cada cor simboliza um Orixá – divindades do Candomblé.

O Candomblé é uma religião afro-brasileira, que tem origem em religiões africanas, sendo uma das religiões de raízes africanas que mais é praticada no mundo. Estima-se que tenha três milhões de fiéis em todo o mundo, principalmente no Brasil.

Assim, a fita amarela, costuma homenagear a Oxum e a azul clara a Iemanjá, apesar de que se deve dizer que, devido ao seu sucesso, o comércio aumentou a variedade de cores, reduzindo-se a sua equivalência com os orixás.

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Segundo a tradição, a pessoa deve usar a fita, dando-lhe duas voltas no pulso e amarrando-a com três nós, ao mesmo tempo que faz um pedido por cada um destes nós. Estes pedidos devem manter-se em segredo e conta o folclore que somente irão realizar-se, quando a fita cair por conta própria. Se o fiel tentar cortar, ou arrancar a fita antes do tempo, os desejos não se tornarão realidade e terá azar em tudo o que fizer.

Para além do uso pessoal, as fitas também são usadas como homenagem para vários santos, sendo amarradas nos portões e grades das igrejas de Salvador da Bahia. O colorido é tal que se torna fantástico de se ver.

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