Uma realidade ficcional

Vivemos num mundo muito complexo. Somos diferentes pessoas em diferentes momentos. Há momentos bons e há momentos maus. Não podemos deixar de viver, mas podemos encontrar algum refúgio, algo que nos faça sair um pouco da realidade, da nossa realidade. E é aí que encontramos as histórias, os filmes, a música.
O ser humano procura, nos escapes da realidade, saber mais sobre ele próprio, saber mais sobre o mundo que o rodeia, sobre as pessoas com quem convive. Procura respostas para perguntas difíceis e é, nas histórias, que muitas vezes se encontra.
A ideia de que um filme tem necessariamente de ter um início, um meio e um fim pode não estar sempre em voga. Ou seja, há histórias que podem, simplesmente, continuar. Isto é, podem ter vários capítulos, vários livros (se de livros estivermos a falar), sequelas (no caso de sagas de filmes). Isto, porque nos podemos ligar muito facilmente às coisas, às histórias que nos fazem sair do nosso pequeno mundo, que nos distraem, que são “fora da caixa”. Exemplo disto é a saga de Harry Potter, que parece mesmo não ter fim.
Quer a coleção de livros de Harry Potter, quer os filmes, amarraram os espectadores mais fanáticos desde o início. Quando a pessoa gosta, ou se identifica com determinada história, quase que fica presa a ela, como se a estivesse a viver. Observamos as personagens e revemo-nos nas mesmas. Analisámo-nos e pensamos no que faríamos, se fôssemos a personagem. Estamos, inconscientemente, a tentar ser uma outra pessoa, num outro espaço. E é isso que fascina o leitor ou espectador, a possibilidade de sentir a história, uma história que não é a dele.
Ao mesmo tempo que lemos, ouvimos ou vemos uma história, entramos dentro dela e começamos a imaginar as diferentes escolhas das personagens, os diferentes caminhos seguidos por estas. Interrogamo-nos, por conseguinte, se faríamos o mesmo.
Quando as histórias de que gostamos se prolongam, queremos é saber sempre mais e mais, porque achamos que, tal como a nossa vida, a história também pode seguir o seu percurso. E o leitor ou espectador quer acompanhar esse percurso.
Os livros de Harry Potter já terminaram, mas as pessoas que gostaram da história não esquecem, porque há, efetivamente, histórias e personagens que marcam. É claro que nem todas as pessoas têm os mesmos gostos, ou se interessam pelas mesmas histórias, mas, como se diz, “cada cabeça, uma sentença”.
Do ponto de vista do mercado, a saga Harry Potter tornou-se o primeiro produto editorial infantil/juvenil a igualar-se aos grandes best-sellers. Para além disto, foi traduzida em dezenas de idiomas, o que a fez chegar a mais leitores. Consequentemente, as notícias sobre o best-seller invadiram as colunas literárias da imprensa, o que poderá ter atraído ainda mais leitores. Como se não chegasse, criaram-se expectativas sobre o surgimento de um próximo livro. E este ciclo vicioso culminou com a transformação dos livros em filmes, o que aumentou o número de espectadores. Muita publicidade é feita neste sentido. Como já referi, há diversas opiniões e “gostos não se discutem”, mas não se pode deixar de falar no fenómeno mundial da saga Harry Potter.
A saga acaba por se situar quer no mundo real, quer no mundo mais ficcional e isso atrai leitores e espectadores que, no final do dia, querem é descomprimir, esquecer e entreter a mente. Além do mais, há toda uma série de aventuras e de mistérios nos livros e nos filmes que amarram o leitor, ou espectador à história.
Num mundo rodeado pelas novas tecnologias e sendo Harry Potter uma espécie de futuro por existir, o que as pessoas querem é novas ideias, novas fugas da realidade. Podem, de certa forma, terminar, mas continuam presentes na mente das pessoas.
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