+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

Uma era que chega ao fim, mesmo sem acabar?

O futuro dos reality-shows parece-me cada vez mais incerto. ‘A Quinta’ estreou-se com uma média de 1 405 600 telespectadores, mas rapidamente começou a perder fôlego, principalmente depois da estreia do programa de talentos da estação pública – ficando mesmo abaixo do milhão de espectadores (o número mais baixo na história dos reality-shows, em Portugal). Se, por um lado, a vida dos não-famosos, pessoas como nós escolhidas a dedo por um produtor ambicioso, torna-se cada vez mais apelativa ao Zé Povinho – quem não gosta de ver uma boa briga, intrigas e (des)conjecturas socio-(nada-)culturais? -, a verdade é que está a ser “mais do mesmo”, num mundo onde o que conta é o entreter, mais do que o formar. Uma pergunta parece emergir, deixando os futuristas televisivos perante um paradoxo problema: será a cultura um bom meio de entreter, num mundo onde o maior entretinimento do último século mostrou-se ser o mal do vizinho mais próximo?

O contínuo registo de audiências demonstra que as estações dos canaisRS_umaeraquechegaaofimmesmosemacabar_1 generalistas estão a levar esta competição mais a sério do que nas últimas décadas e que nenhuma delas está disposta a perder ou diminuir o território que conquistou junto dos espectadores. Uma batalha digna de um filme de Godard, este é o mundo em que mergulhamos cada vez que assistimos a um programa generalista, acessível com um mero clique de comando na mão, enquanto bebe uma cerveja no sofá. E é bem por isso que esta é uma guerra sua: encoste-se, deixe-se conquistar e faça a sua escolha.

Na tentativa de recuperar o primeiro lugar, a estação de Queluz de Baixo RS_umaeraquechegaaofimmesmosemacabar_2decidiu alterar a sua programação. O canal vai transmitir um episódio especial de A Única Mulher, sendo A Quinta transmitida mais tarde. Para o rurality show, várias são as «surpresas» preparadas, entre outras, a presença de Cristina Ferreira e a entrada garantida de Larama, concorrente já expulso, e Gisela Serrano”. Uma aposta que, 5 anos antes, seria impensável. Uma escolha televisiva que nos leva a contar os dias que ainda restam a estes programas onde pessoas nada mais são do que fantoches da opinião pública, que se vão auto-limitando no que toca aos seus direitos pessoais, nomeadamente, ao bom-nome e à sua imagem. O que buscam, geralmente, não vai muito além de fama, poder e tentativas ilusórias de trabalho nos meios de comunicação, à custa da sua recém adquirida “popularidade”. Uma exposição consentida que permite ao espectador querer ver mais ou nem olhar para o que estão a representar, mas que o impede de ir mais além e ter acesso a toda a cultura, entretenimento e bom assunto. Esta mesma falta de escolha parece estar a deixar as audiências fartas de não existir nada mais preparado para a sua refeição. E é aí que entra a ficção nacional.

Atendendo às palavras de Teresa Guilherme, “corremos o risco de isto ser oRS_umaeraquechegaaofimmesmosemacabar_3 começo do fim dos reality-shows!” Um fim antecipado por alguns, mas que não prevê uma solução diferente do que até então se fez: perde-se o tempo destes programas, compensa-se no tempo de ficção. Afinal, longe estão os tempos em que o serão de domingo à noite era passado juntos de filmes exibidos para famílias inteiras, não havendo canais opcionais repletos de series e novos desafios. Os tempos mudam, e as vontades vão acompanhando o ritmo. Mais uma vez, estamos numa era televisiva que chega ao fim – desprovida de verdadeiro conteúdo, alma e dignidade, mas que foi bem estruturada e aproveitou todos os meios disponíveis até atingir a necessária saturação do mercado.

Com o fim, sempre temos uma nova oportunidade de começo. Desta vez, oRS_umaeraquechegaaofimmesmosemacabar_4 começo ainda não tem conteúdo, nem forma marcadas, mas com toda a certeza já tem hora agendada. Estaremos a inverter táticas e a cultura será o meio escolhido para obter vantagem e diferenciação ou todo o corpo televisivo partirá para as táticas de canais especialistas, levando a uma expansão da ficção? Cenas dos próximos episódios, a não perder…

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Trabalho de graça

Next Post

Agora sim! Vamos viver sossegados.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Meio caminho andado

  Fiz 40 anos no Verão que agora termina. Quando era criança, quem tinha 40 anos era velho e acabado. Aos…