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Um projecto megalómano chamado €uro

O projecto de federalização da Europa contempla vários pontos, sendo um deles a definição de uma moeda única para todos os membros da União Europeia. A institucionalização desta moeda comum revelou-se um catalisador do processo de construção do Estado federal europeu, há muito ansiado por várias famílias políticas europeias, bem como por alguns países, especialmente os fundadores.

Na altura da formação da União Europeia, viviam-se tempos de euforia. Reconstruir a Europa, partindo do princípio que todos (os países) eram iguais e solidários entre si, na medida das suas capacidades, era o ponto-chave da edificação de um continente forte, robusto e pacífico. Mesmo assim, nem os mais optimistas quanto à construção de um Estado europeu previam que, em tão pouco tempo, seria possível construir uma moeda única com um impacto tão forte na economia mundial quanto o euro.

A euforia dos tempos da fundação teve vários reveses ao longo dos anos, mas é na altura da formação do euro que surge, talvez, um dos maiores: a nova moeda é um clube de vários, mas não de todos os estados-membros da União Europeia. Apesar de quase terem feito parte do grupo de fundadores, o Reino Unido, país com uma das moedas mais fortes a nível mundial, a Suécia, que rejeitou a entrada em referendo, e a Dinamarca disseram não à perda de soberania nacional no que toca às questões financeiras e monetárias. E esta é a decisão que estes três países cada vez menos se arrependem de terem tomado.

Para além disto, a perda de autonomia das autoridades nacionais para controlar a moeda e as políticas monetária e cambial, associada a uma falta de responsabilidade perante o eleitorado das instituições de Bruxelas, levam ao reforço do discurso ‘eurocético.’

No entanto, o ponto fundamental de toda a reflexão é o seguinte: para quem é que foi desenhada esta moeda? Esta moeda foi, essencialmente, construída para dois países: Alemanha e França. Uma moeda muito competitiva aliada a decisões do BCE que, normalmente privilegiam a estabilidade dos preços em detrimento do emprego e do crescimento económico, afectando ainda mais economias já debilitadas, como é exemplo a portuguesa, e beneficiam economias robustas, como a francesa, a alemã e a holandesa.

Revelada que está a grande fragilidade do zona euro, qual será a solução a adoptar-se? Os eurocépticos sonham com o fim da moeda, algo que tornaria as instituições europeias irrelevantes (grande objectivo da corrente eurocéptica). Outros, os europeístas, dizem que se deve avançar para o aprofundamento dos mecanismos de controlo sobre os estados-membros por parte das instituições comuns, como por exemplo, dar o poder de veto de orçamentos de estado nacionais ao Conselho Europeu.

A euforia de outros tempos, especialmente a do início deste milénio, aquando do início da circulação do euro, acabou. Mesmo os entusiastas do euro admitem que a crise económico-financeira internacional e a frágil solidariedade europeia (agora à vista de todos) veio abanar com um edifício que, como se vê agora, tem alicerces mais frágeis do que aparentava até há bem pouco tempo.

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