Those Who Wish Me Dead (2021)

Are you someone I can trust?

– Connor

Este filme conta a história de um adolescente que é testemunha de um assassinato e de uma especialista em sobrevivência que o encontra perdido na floresta, enquanto deflagra um enorme incêndio.

Não fui grande fã deste filme, existe uma falta de coesão e foco na forma como a história é contada. O filme tenta juntar duas premissas paralelas de uma forma natural e subtil e na minha opinião não o consegue fazer. A representação é bastante competente, com especial destaque para Angelina Jolie, que tem o papel de protagonista e consegue carregá-lo com uma boa carga emocional, e Aidan Gillen, que, por esta altura e após trabalhos como “The Wire”, “Peaky Blinders” e “Game Of Thrones”, já está bem adaptado a uma personagem maquiavélica, mas acho que aqui ele tem uma crueldade e frieza muito própria e o ator consegue fazê-lo na perfeição. Destacar por último Finn Little como o pequeno Connor, que também carrega uma boa parte do filme às costas. A cinematografia e direção é sólida também e a banda sonora consegue acentuar bem os momentos de maior tensão.

Ainda assim, acho um filme mediano com falta de foco e de impacto nas suas premissas.

* CUIDADO COM SPOILERS *

Entrando em algumas especificidades, o filme começa de uma forma interessante o suficiente, em que as personagens Jack e Patrick têm uma cena memorável que acaba numa explosão. Connor e o pai enquadram bem a posição em que Connor se vai encontrar mais tarde, mas não acho que tenha tido o impacto suposto. Após isso o filme acabou por entrar em decadência de cena para cena, e embora a representação resulte, o guião é pobre e a forma como as personagens encontram-se é bastante forçada.

O tema em si não é assim tão interessante e tentam colocar tudo à volta de florestas e do campo, que sendo um tema importante na vida real, não é material para bom cinema na minha opinião.

O realizador faz um bom uso das cores que têm ao seu dispor, nomeadamente dos tons mais alaranjados, para transmitirem um “calor” ou a imagem visual de chamas para passar uma mensagem e com efeito mas a parte final está tão manipulada digitalmente que parece honestamente quase um vídeo jogo.

Acho que o filme perde tempo por vezes quando tenta criar tensões com tiroteios de forma algo extensa, embora o filme não seja muito longo, mas ainda assim para o que quer contar não ficaria mal ter menos 20 minutos,

O filme faz uma escolha estranha a meia hora do filme terminar que é eliminar o vilão mais carismático e impactante e deixar como principal o outro com o qual o espectador não criou qualquer relação ou intimidação, e o filme sofre com isso.

Em resumo, não é um filme que possa recomendar, tem pouco foco, coerência e propósito nas histórias que quer contar. A premissa em si já não era incrível mas a execução revelou não estar de encontro com as expectativas. Aspetos positivos são sem dúvida as interpretações dos atores, que mesmo com um pobre texto conseguem trazer vida às suas personagens. Cinematografia, direção e banda sonora também com indicação positiva.

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