The Double (2013) – Crítica

I don’t know how to be myself. It’s like I’m permanently outside myself. Like, like you could push your hands straight through me if you wanted to. And I can see the type of man I want to be versus the type of man I actually am and I know that I’m doing it but I’m incapable of what needs to be done. I’m like Pinocchio, a wooden boy. Not a real boy. And it kills me.

– Simon

Este filme conta a história de Simon (Jesse Einsenberg), um timido e atrapalhado trabalhador que vê a sua vida ir de mal a pior quando uma pessoa que se parecesse exatamente igual a si chamado James (Jesse Einsenberg) começa a trabalhar no mesmo local e pouco a pouco, começa a tomar conta da sua vida.

Um filme muito interessante tanto em premissa como em execução. Não que seja uma premissa super-original, mas, ainda assim, resulta e o ator Jesse Eisenberg é fundamental para que de facto resulte, visto que Simon e James só são mesmo destrinchados pela sua atitude e maneirismos.

É um tipo de filme único, pela atmosfera que cria, em que nos sentimos num mundo à parte daquele que conhecemos. A banda sonora é muito boa, e simbólica, visto ter a peça “Der Doppelgänger” como “tema principal”, que conta a história de um homem e do seu sósia malvado.

Uma palavra também para a direção que ajuda a construir a confusão na mente de Simon e na do próprio público, quanto às posições dos dois “sósias”.

O filme tem algumas escolhas questionáveis no decorrer do segundo acto do filme, que irei referir mais abaixo, mas considero um filme competente e uma premissa que não sendo única, é elevada pela atmosfera que consegue criar na mente do espectador.

* CUIDADO COM SPOILERS *

 Achei a parte inicial do filme muito boa e o setup que é feito quando temos apenas Simon no filme foi excelentemente executada, o início da aparição de James também resulta mas o filme torna-se depois um pouco inconsistente em qualidade e certas personagens como Hannah (que é supostamente uma personagem que devemos torcer) torna-se de certa forma detestável, a partir do momento em que James não é, supostamente, nenhum mágico somos forçados a acreditar que as pessoas estão de facto a cair nos charmes dele pela sua personalidade e é aqui que o filme perde.

James trata toda a gente mal e fala sempre de forma arrogante e embora seja verdade que na vida em geral isto possa ser atrativo, é da mesma forma irrealista que TODA a gente iria “cair aos pés” neste tipo de personalidade. Chega a uma altura do filme em que à parte de Simon, não há nenhuma personagem para torcer. Hannah por exemplo adora James e quer muito James apesar de Simon fazer tudo por ela, só isto faz com que o público possa desligar desta suposta protagonista feminina. Existe até uma cena muito simples em que Simon já desvairado entra no apartamento de Hannah e vê o porteiro (que o reconhece como Simon) a questionar “Onde pensas que vais?” e quando Simon responde com um insulto o porteiro responde com submissão “Ah, olá James”. Esta cena de poucos segundos resumiu muito bem porque todas as personagens se tornaram detestáveis, tratavam de forma abusiva Simon mas tratavam James com submissão e veneração. Gostei do engenho do final do filme que deu uma justiça poética a Simon.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

O poder da Rádio

Next Post

A falta de substância

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Neste quarto escuro

O quarto está escuro, e ele está desperto. Não consegue dormir. No quarto escuro, o único som é o assobio…

Nada

Era uma qualquer meia-noite de desapego. Queimei as fotografias todas. Magoavam demais, levitavam-me nas mãos,…

Selma

“Não estou interessada em heróis brancos”, afirmou a realizadora Ava DuVernay, durante a promoção de Selma, a…

Renascer

O Sr. Faustino tinha uma sapataria. Era um local escondido entre a loja de alguma coisa ( alternava com bazar…