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Thatcher e o Resto do Mundo

If you want something said, ask a man; if you want something done, ask a woman

  Margaret Thatcher

Das fileiras soviéticas surgiu a alcunha que mediatizou umas das maiores figuras do século XX. A linha dura e forte crítica com que tratava a questão soviética foi o fio condutor que orientou a relação do Reino Unido com o resto do mundo, nos anos 80 e 90. A estratégia era uma e simples: a visão britânica do mundo assentava na ideia de um mercado livre e independente, onde o socialismo não tinha espaço e a democracia e o neoliberalismo eram os sistemas mais acertados. Esta era a visão de Margaret Thatcher, a Dama de Ferro que defendeu esta concepção do mundo como ninguém.

Alicerçada numa visão neoliberalista, Thatcher conduziu a política externa britânica, entre 1979 a 1990, da mesma forma que orientou a política económica: com pulso firme e sem ceder um milímetro nas pretensões britânicas. Encontrando em Ronald Reagan, antigo Presidente dos EUA, o aliado ideal, a Dama de Ferro foi determinante e incisiva no período da Guerra Fria, expressando claramente o seu total desprezo pelos ideais soviéticos. Ainda representou um peão essencial na expansão dos ideais neoliberalistas que transformaram a forma como o Estado era visto e demarcou-se de uma Europa que convergia para a união, em moldes que Thatcher acreditava serem errados.

Helmut Kohl, antigo chanceler alemão, afirmou ao Times, em Abril, após a morte de Thatcher, que as tensões que ainda hoje se sentem entre Londres e Bruxelas são uma herança deixada pela estratégia e política de relações externas da antiga primeira-ministra. “Ela] queria a Europa, mas uma Europa diferente daquela que a maioria dos seus homólogos e eu próprio defendíamos. Na minha opinião, este antagonismo ainda hoje caracteriza a política britânica sobre a Europa”.

Apesar de ser claro e consensual, que o Reino Unido de Blair e, actualmente, de Cameron estão mais próximos da União Europeia, partilhando de políticas comuns, a frieza e uma certa distância permanecem. Pelo peso da história e por uma cultura, enraizada pela Dama de Ferro, de uma política externa mais independente e direccionada para a aliança com os EUA, o Reino Unido mantém-se atento e, por vezes, cooperante, mas sempre à margem. Embora a posição negativa de Thatcher relativa à criação da UE tenha sido, em último caso, a questão que a fez renunciar ao cargo de primeira-ministra e líder do Partido Conservador, em 1990, a discordância que o bloco europeu causa no seio da nação britânica e classe política foi transportada para a actualidade.

Juntamente com a Dinamarca e a Suécia, o Reino Unido é um dos estados-membros da União Europeia (UE) que não aderiu à Zona Euro, conservando a soberania da sua moeda e o controlo sobre a economia. Esta recusa em fazer parte da união monetária reflecte o sentimento ambíguo entre os britânicos e a UE sendo o fantasma de uma eventual saída do Reino Unido uma ameaça constante.

Com consenso ou sem consenso, partilhando ou não da visão de Margaret Thatcher a sua dedicação e determinação na defesa dos princípios em que acreditava são inegáveis. A coerência e conformidade entre acções e palavras é o maior legado que Thatcher nos deixa, desmistificando a ideia de que os políticos são palavras vazias. Thatcher foi dona e senhora do seu discurso, comandante e Dama de Ferro dos seus actos.

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