Chega finalmente aos cinemas a conclusão da Saga Skywalker, mesmo a tempo da época natalícia. “Star Wars: A Ascensão de Skywalker” vem não só encerrar a saga, como também atar todas as pontas soltas dos 8 episódios anteriores. Com o regresso de JJ Abrams como realizador, muita fé foi depositada no que é já o IX episódio de uma história que arrebatou a imaginação de todos os amantes de sci-fi dos anos 70. Sentimento este que perdurou até aos nossos dias.
Depois da “confusão” (usando uma palavra simpática) que foi o episódio anterior: “O Último Jedi”, a pressão para agradar a legião de fãs criou, como só Star Wars pode criar, uma expectativa quase doentia. A morte de Carrie Fisher em 2016, antes da pré-produção de “A Ascenção de Skywalker” criou uma necessidade urgente de dar destaque (e conclusão) à melhor personagem feminina de toda a série: a Princesa Leia, agora General de toda a força rebelde da galáxia.
Temos finalmente resposta ao misterioso passado de Rey (Daisy Ridley) e o porquê da ligação psíquica com Kylo Ren (Adam Driver). Mistério que tem sido arrastado de episódio em episódio por demasiado tempo. É a melhor e mais inesperada revelação do filme. Como odeio spoilers, prometo apenas que não se irão desiludir. O regresso de velhas caras conhecidas fez-me sorrir de entusiasmo. Este é verdadeiramente um filme dedicado aos verdadeiros fãs. Uma ode a Carrie Fisher e a todas as personagens que lutaram para garantir a paz na galáxia. Nenhuma delas é esquecida e preparem-se para largar uma lágrima ou outra. A nostalgia é inebriante e o final é simplesmente perfeito: incluindo um beijo à Disney, apesar de não ser bem o beijo à Disney a que estamos habituados.
O maior problema com este filme é, sem dúvida, o facto de que tem enredo para quatro horas. Enredo esse que teve de ser compactado em pouco mais que duas horas de película. Isto cria uma sensação de pressa entre cenas. Arrisco mesmo a dizer que a pós-produção não fez o melhor dos trabalhos: os primeiros quarenta minutos são nada mais, nada menos do que corte atrás de corte de cenas que poderiam ser mais fluídas, não houvesse essa tal pressa de contar tantas sub-plots. Porém, é de destacar o regresso ao modelo clássico da primeira trilogia.
Existe aqui este delicioso sentimento nostálgico no paralelismo entre o gangue original composto for Han (Harrison Ford), Leia (Carrie Fisher), Luke (Mark Hamill) e Lando (Billy Dee Williams), que se transpõe agora com Poe (Oscar Isaac), Finn (John Boyega), Rey e, claro, Chewie (Joonas Suotamo), o elo de ligação entre o passado e o presente. Rio-me com uma das primeiras cenas, onde vemos como desaprova a maneira imprudente com que Poe usa light speed na velhinha Millenium Falcon, que já viu melhores dias.
As opiniões sobre o último filme Star Wars, nos próximos dias, serão tão diversas como astros no universo. No entanto, algo de certeza estaremos de acordo: Star Wars é exímio na criação de mundos. Por muito apressado que seja o enredo, o filme demora-se no desenvolvimento das mais variadas personagens, nas paisagens exuberantes de desertos infindáveis, selvas lustrosas ou luas com oceanos revoltos. Faz-me querer alistar-me na Rebelião, lutar contra a First Order e, a bordo da Millenium Falcon, com os meus irmãos de armas, voar pelas estrelas.