Sonhos

Sabem quantas tempestade cabem nos sonhos que alimento?

Claro que não podem saber, afinal todos vocês vivem do outro lado do meu mundo. Nem sequer sonham comigo, nem sequer sonham que eu existo para além dos meus sonhos.

Talvez nem se recordem do meu nome. Muitos nem sequer sabem quem sou. Mas, não vos posso culpar por que sou eu que vivo encurralada no mundo dos sonhos, sem deixar que o mundo me conheça, tal qual como eu sou.

Faço dos sonhos um mar revoltado, onde o barco do amor sem se afunda. E no meio de todas essas fantasias é certo e sabido que sempre nascem grandes tempestades que procuram pelos braços de que partiu e me deixou nos braços da saudade. É no mundo dos sonhos que procuro pelos amores que já perdi na esperança de os poder recuperar, sem que perceba que o cheiro da paixão já se evaporou e a memória de quem sou está prestes a envelhecer.

Invento histórias para acreditar que um dia o amor vai voltar, desse passado em que a vida me fez sorrir, para me amar com a mesma intensidade com que todas as noites continuo a sonhar com quem já não se lembra do meu nome e até talvez já se tenha esquecido do sabor do meu beijo.

Fico ali a matar a sede aos meus sonhos, por continuar a creditar que os milagres existem e que o meu eterno amor pode regressar, por mais que o vento norte que sopra lá fora me diga que esse amor nunca me pertenceu.

Sempre vivi assim amando à distância quem não me conheceu. Amei com a ilusão de que a tempestade arrastaria o amor para perto de mim.

Sonhei, uma vida inteira, com um amor que não existia. Fechei-me no castelo dos meus sonhos para alimentar as tempestades que depois não sabia como dominar.

Quem não me conhece talvez esteja a pensar que é tempo de eu deixar de sonhar. Claro que vocês estão cobertos de razão, mas o que vocês não sabem é que eu tenho mais sonhos por viver do que anos de vida. O que o mundo não sabe é que, no meu mundo, o amor é mais do que um sonho e, por isso, para me sentir viva não posso, nem devo deixar de sonhar sob pena de morrer antes de ter vivido.

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