Silly Season: Expressão inglesa que designa o período do ano de menor intensidade informativa nos media, geralmente o período de verão. Pode ser traduzida por “estação ridícula”. Nesta altura, os critérios de seleção jornalísticos tornam-se mais flexíveis, passando a considerar como relevantes assuntos que, geralmente, não constituiriam objeto de notícia.
Fonte: Infopédia
Estas férias dei por mim a pensar nesta expressão, será que a estação ridícula é mesmo o verão? Pensem comigo.
É no verão que escolhemos não ver TV. Considerando a qualidade geral dos programas nacionais e o teor da generalidade das notícias, temos melhor para fazer, nem que seja uma sesta depois da caldeirada.
É no verão que lemos o que nos apetece, livros que estamos para começar ou acabar há anos, revistas e jornais que, por falta de tricas políticas ou desgraças nacionais e globais, fazem um esforço por nos dar informação relevante sobre o que realmente interessa, a saúde e o lazer.
É também no verão que passeamos e viajamos, conhecemos novos sítios, novas pessoas, novas culturas e modos de ser, de estar, de pensar e até de comer. Isso é ridículo? Não me parece.
Por outro lado, o mundo deste lado do hemisfério, desde os políticos e os empresários aos traficantes de armas e homens que abusam das mulheres volta todo de férias por esta altura, o que significa que em breve o governo do António Costa vai começar a meter os pés pelas mãos, os empresários vão começar novamente a destruir o ambiente e a meter o dinheiro nos paraísos fiscais, os traficantes de armas vão voltar a vender armas que vão intensificar os conflitos armados e os abusadores vão voltar a violar ou maltratar mulheres.
Vai-se chegar à conclusão que as Jornadas da Juventude foram um flop financeiro, que os patrões do futebol continuam a influenciar os resultados dos jogos, que o inquérito parlamentar da TAP não deu em nada, que o Sócrates se vai safar e que o Ricardo Espírito Santo afinal está mesmo gagá.
Vão ser anunciadas estreias na TV portuguesa, desta a 37.ª temporada da novela mais vista de sempre ao regresso das manhãs com as pessoas com as vozes mais estridentes do país, novos concursos e um espetacular e nunca visto novo Big Brother só com profissionais de sexo e pessoas casadas, que agora vai ser produzido no antigo bar da Kikas em Santarém e se vai chamar ‘A mim não me enganas tu’.
Os novos radares vão fazer com que todos os condutores de Portugal sejam multados em apenas dois meses, colocando-nos no topo do ‘ranking’ mundial de multas por excesso de velocidade, vão ser anunciados 88 novos festivais de verão e colocados à venda os bilhetes para todos os outros, para os verões de 2024 a 2030 e a família Kapinha vai partilhar uma ‘story’ com a mãe a amamentar o filho teenager e o próprio Kapinha.
As rendas vão aumentar e o preço de um T0 com 7m2 em Lisboa vai poder chegar aos 3.500€, os preços de tudo vão continuar a subir por aí a cima e as lideranças dos partidos vão começar a ser disputadas, já em preparação para as Europeias do próximo ano.
As decorações de Natal serão colocadas em outubro, os anúncios a bebidas alcoólicas vão disparar 900%, os saldos começam agora e terminam em janeiro e como a chuva dos primeiros dias de setembro arruinou a produção de tomates de uma horta de um Sr. Constantino de Oliveira do Hospital, haverá todo um novo debate as alterações climáticas que será esquecido dois dias depois com o novo escândalo na arbitragem do Benfica – Preciosas do Vouga
Enfim, podia estar aqui a escrever ininterruptamente sobre todas as possibilidades de notícias que irão começar a povoar os meios de informação nos próximos meses e isto levanta uma questão muito relevante: A Silly Season foi no verão ou começa agora?