Serão Ambição e Gratidão Incompatíveis?

Num mundo que vive tão rápido parar para contemplar o que está à nossa volta parece a fórmula perfeita para nos conformarmos. Para deixarmos a nossa ambição e sonhos de lado, para sermos menos produtivos, para desperdiçarmos energia ou para estagnarmos.

Ter objetivos e trabalhar para os alcançar é o que dá sentido à nossa vida, é o que nos motiva a aprender com os erros e a experimentar uma abordagem diferente quando algo corre mal, tendo sempre em mente o objetivo final. Querer mais é típico de quem luta por algo que julga merecer. Sabe o que vale e o que quer.  É alguém que aproveita os momentos de maior infelicidade e desconforto como impulso para revolucionar a sua vida. E isso é algo digno de ser valorizado.

No entanto, por vezes surge a sensação de que não somos bons o suficientes se não atingirmos um objetivo. Assim que atingimos um objetivo já estamos a pensar num maior, a felicidade e a celebração são pouco duradouras e agora apenas seremos realmente realizados quando atingirmos a próxima meta.

Pensamos que se pararmos para contemplar o lugar onde estamos nos conformamos. Passamos a identificar-nos com os nossos feitos e só somos melhores se alcançarmos algo mais. Por isso, quando acalmamos a nossa forma de agir, quando estamos mais presentes e aceitamos o momento em que nos encontramos, perderemos a motivação.

Mas a verdade é que estamos a deixar-nos dominar pelo medo, stress e ansiedade. E quando é isso que motiva o nosso caminho para o sucesso, aquilo que alcançamos nunca será suficientemente bom e nós nunca estaremos genuinamente felizes, já que os nossos dias se tornam um meio para atingir um fim que será sempre diferente.

Contudo, saber apreciar o momento em que se está, sem perder o foco nos objetivos, celebrando as vitórias e metas concretizadas, é celebrar também o esforço que tivemos para aí chegar, é celebrar o caminho que percorremos e é celebrar o que temos hoje. E isso não deve passar em vão.

Porque quando nos sentimos realizados com o que já atingimos, partiremos para novas aventuras não porque temos medo de estagnar, mas porque valorizamos o que já conseguimos e queremos continuar a lutar pelo que nos apaixona.

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