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Ser ou não ser?

Somos poeira cósmica, um pequeno grão que parece invisível no Universo. Não somos nada e somos tudo. Um conjunto de átomos que se reuniram, células que se uniram e tecidos que se entrosaram. Multiplicações sucessivas que resultam em peças únicas e singulares. Somos high tech e fashion. Somos humanos. Somos nós. Seremos?

Qual é a nossa missão neste mundo? Porque existimos? Somos o mesmo ser ou incorporamos nos outros que vão nascendo? Podemos separar o corpo da alma? Temos uma direcção a tomar ou podemos ter as rédeas da nossa vida nas mãos? Somos marionetas ou seres autónomos? Existimos?

Todos temos recordações e memórias de alguém que já partiu. Essas pessoas deixaram a sua marca, a sua memória e a sua herança infindável. Perpetua-se. Chama-se genes e estão impressos nas vidas que continuam a cirandar por todos os lados. Não se pode retirar por mais que se queira fazer. Há legados que nos incomodam e outras que são bálsamos de viver.

Herdamos a cor dos olhos, do cabelo, a forma do rosto e o cabelo dos nossos antepassados. Com tantas probabilidades que existem, calha-nos sempre o que menos gostamos. Não queremos o nariz desta forma ou os olhos daquela cor. Queríamos o que não aconteceu. Mas é a nossa identidade, o que nos faz ser únicos e especiais.

No entanto, temos sempre referências e pessoas que nos marcaram para sempre. Uma avó, um tio, uma pessoa que já não existe e que nos faz imensa falta. Essa foi a marca que nos deixou, a nossa herança positiva e maravilhosa. Quando nos assolam aqueles momentos de desânimo vamos buscar os seus grandes ensinamentos e as suas palavras para nos acalmar.

Então percebemos que afinal tudo faz sentido e que somos sempre alguém que pode ser grande para os outros. Quando nascemos somos folhas em branco, cheias de vontade de serem preenchidas com tudo o que interessa. Quando nos damos conta, já temos tantas palavras e tantas frases escritas nessas folhas que nos sentimos perdidos. Descobrimos que a vida é complicada.

Somos seres dotados de capacidades de socialização e de criatividade. Não podemos viver sós, mesmo que o digamos inúmeras vezes. O ser humano é um animal social e necessita de contacto humano. Não nos podemos esquecer disso. Apesar de estarmos mais materialistas continuamos a ser humanos e temos sentimentos e emoções. Ainda persistem as emoções.

Hoje em dia caminhamos para um mundo tão estranho onde as pessoas se afastam em vez de se aproximarem. Não se pode expressar uma opinião livremente sem que venham os vendilhões do templo e lancem um ataque cerrado. Perdemos a nossa humanidade, algures, num tempo desconhecido. A pouca humanidade evaporou-se. Há que a reencontrar.

Sabemos sentir e temos saudades. De outros tempos e de pessoas que já não podemos ter. Recordamos, com nostalgia, as conversas com as tias, os passeios com as avós e os ensinamentos dos avôs. Aquele barco que nos ensinou a fazer, a receita do bolo, o segredo da prima, a história que fica para sempre. Uma enorme cumplicidade de mão dada com a sensibilidade. Sentir é dor e deixa marca profunda.

Apresentamo-nos como unos, mas somos vários num só. O lado lunar e o lado solar entram em conflito e desesperam para dominar. Chamam-lhe bipolaridade, mas não passa de soltar ou reprimir as emoções, aqueles azafamados e tontos bichinhos, pequeninos que nos atormentam constantemente. Se choramos somos fracos, se formos fortes não cedemos. Nem um nem o outro, ou sim, os dois.

Os outros olham para nós com olhos diferentes. Uns pedem socorro com uma voz muito pequenina e surda e outros abraçam-nos como se não houvesse o dia de amanhã. Soltam-se e libertam os sentimentos, as mágoas e as alegrias. Podemos ajudar uns e outros. Temos que saber ouvir e filtrar as necessidades e as exigências. Nem sempre é fácil chegar a todos.

Estendemos os braços e queremos abranger tudo, mas não conseguimos. Só um pequeno grupo, que se junta, pode beneficiar de tudo. Esses saberão espalhar os ensinamentos e as mais valias de toda a relação. Vai-se esticando e aos poucos chegará a mais. Devagar e com paciência se vai conseguindo.

Afinal fica sempre uma réstia de nós, daquilo que somámos à herança e ao que conseguimos fabricar. Uma massa nem sempre fácil de levedar, mas que é amassada com um fermento muito especial, uma mistura de amor e de ódio, que a faz crescer e que, no futuro, será repartida de modo a chegar a vários.

O resultado final fica bonito e é apelativo. Com cores, cheiros, sabores, dores, alegrias e salteado com umas pitadinhas de sensibilidade e tons suaves de racionalidade. Pode ter um sabor agridoce ou até mesmo acre, mas, depois de bem mastigado e digerido, resulta numa digestão tão valiosa que nunca a queremos largar.

Há quem lhe chame vida e só pode ser vivida pelo próprio e somente uma vez, com muitos empurrões, algumas indecisões, várias caneladas e inúmeros beliscões, mas que servem para sacudir e deitar fora e ainda para mostrar, a seguir, um recheio, repleto de compreensão, simpatia, alegria, amor e muita felicidade.

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