Na área do desenvolvimento pessoal, fala-se e usa-se muito e, cada vez mais, a palavra “consciência”. Lê-se, ouve-se, diz-se, prega-se e passa-se uma série de receitas para a tal “consciência”, apelando para a sua importância no nosso crescimento e desenvolvimento individual. Para além das receitas, as fórmulas que são prescritas nesta receita são muitas e variadas, indo desde o ganhar ao adquirir a tal dita “consciência”, pois, parece que, ao contrário do “Memofante”, esta tal não se avia nas farmácias.
Como Coach e Terapeuta também já falei muito de consciência e da necessidade da mesma para o crescimento individual, contudo, gostaria de aproveitar este espaço para esclarecer que, no seu uso ligeiro e generalista, misturam-se conceitos a meu ver importantes, passando-se assim a mensagem que a maioria de nós humanos não tem consciência.
Acontece que a consciência é uma qualidade do Ser e do pensamento Humano, é um dos pressupostos de Ser-humano, é ser consciente e ter consciência da experiência de si mesmo, isto é, ser autoconsciente. Por exemplo, quando digo “Estou a ler um livro”, eu coloco-me como sujeito da ação e nem penso ou questiono que poderia ser um outro que está a ler o livro pois tenho bem presente a consciência de mim próprio e da minha experiência (salvo algumas raras exceções). Agora vou generalizar para resumir e simplificar o conceito, todos nós sabemos que somos e existimos e isto é Ser consciente.
Agora a tal consciência de que muito se fala, que vou designar de “Consciência” com maiúscula, é uma capacidade que nós humanos podemos desenvolver a partir da tal “consciência” comum a todos e que passa por uma capacidade de auto-observação, autoanálise, chegando assim ao autoconhecimento.
A consciência e a autoconsciência são como um antes, como uma base inerente à função da consciência, e o autoconhecimento é uma ação do agora que se reflete num “depois”, pois parte da base da consciência e da autoconsciência para analisar, refletir, inferir e pensar a experiência própria isto é, a autoexperiência.
É a este autoconhecimento de mim, da minha experiência e do Mundo que perceciono e ao qual atribuo significados de acordo com a minha experiência pessoal a que de forma abrangente se refere de “ganhar ou adquirir” a tal consciência a que me referi no princípio.
No autoconhecimento, eu parto do Ser-me da autoconsciência para chegar ao Perceber-me e é neste perceber-me que abro as portas a uma Consciência elevada, quase como começar pela estrutura da casa que são as fundações e os alicerces para chegar ao telhado ou até mesmo vislumbrar o céu acima desse telhado até uma Consciência mais alargada e unificada.