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Saber aceitar a perda

Perder alguém que nos é querido implica um esforço que pode levar a um certo sugar de ânimo e resultar em tristeza profunda e uma dor imensa. Quando se espera que tal aconteça não alivia a carga, mas pode dar uma certa preparação, uma resistência que permita aguentar o baque com alguma leveza. São pedaços de cada um que desaparecem e não se recuperam jamais. Esta é uma experiência que se vive em várias fases e todas elas devem ser superadas, quando a pessoa se sentir suficientemente musculada, para encaixar na sua vida aquela enorme falta.

De início há a negação, a primeira fase do luto onde o que aconteceu surge como uma impossibilidade. A dor é de tal forma grande que não se quer ou não se consegue acreditar, pois tal seria impossível. Há uma total ausência da realidade. Não pode ter acontecido!

Segue-se a raiva e a interrogação clássica: porquê? Por muito que nos seja dito que é verdade e que existam palavras de conforto, todas parecem estar longe de tudo e soam a falso, a algo de tão artificial que não se quer crer. Como tudo parece surreal certos sentimentos aforam e suscitam ainda mais dúvidas.

Entra-se na negociação, que é a fase seguinte. É quando se fala com Deus, quando se encontram estratégias que possam aliviar a carga emocional que incomoda. Fazem-se promessas, sacrifícios, juras, tudo o que puder soltar as amarras incómodas do sofrimento. É um objectivo e dá alento para seguir.

Inevitavelmente chega a depressão, que nada mais é do que a tomada de consciência da perda, é o inevitável e incontornável de tudo. Não há volta a dar e esse ser já não existe. É a realidade nua e crua que se apresenta. Não existe e nunca mais se poderão encontrar. Instala-se um enorme vazio.

Por fim, temos a aceitação. É o encontrar da paz, a serenidade, o caminho seguro entre as pedras que se foram soltando a todo o momento. É a última fase e o que faltava, o que não pode voltar, é tomado como certo e encontra-se outro meio, outra forma de estar, outra perspectiva de viver. A capacidade de superar os baixos é individual e particular. Cada um encontra o seu modo.

Não há tempo estipulado para cada uma das fases e cada pessoa tem o seu sentir. Muitas não passam da fase inicial e persistem em viver no impossível. Não que seja um conforto, mas porque se recusam a ver o óbvio. Contudo a fase da depressão costuma ser a mais alargada pois pode levar décadas e tornar a pessoa sua refém. Alguns nunca chegam às fases seguintes.

Quando se perde um filho, a tendência é querer viver no profundo sofrimento, num certo retrocesso no tempo e na possibilidade de voltar a dar-lhe vida. Alcançar a serenidade parece ser uma tarefa quase impossível e pode vir a tornar-se uma meta para o resto da vida. Será com avanços e recuos, mas esse dia tende a chegar.

O truque está na valorização do que se tem, dos que estão sempre em torno de cada um. Aproveitar o dia, saborear o momento, os pequenos acontecimentos e eternizar as sensações que os mesmos proporcionam. Só se dá o verdadeiro valor quando se não tem o que se deseja. As pessoas não devem ser tomadas como garantidas. As relações devem ser cultivadas e cuidadas para que as flores resultantes desse jardim continuem sempre viçosas.

No final, a semente que fica deixa raízes bem profundas e o seu legado chegará como uma memória que é nostálgica, mas que sabe bem recordar. Foi intenso e real e, como tal, não pode ser roubado. Essas sensações de pertença ficam para sempre e são combustível que doura a vida de quem fica.

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