Antes de findar o ano de 2012, as estimativas para uma retoma da economia norte-americana, traduzidas num crescimento anual do PIB em mais de 3%, reacendeu a chama da esperança no mundo. Se a maior economia do mundo começasse a dar sinais de recuperação, o resto das economias seguiria o mesmo caminho, mas como as estimativas carecem de um certo grau de certeza, os cálculos acabaram por se revelar incorrectos e a dita retoma manifestou-se num tímido crescimento que nem alcançou os 2%.
Quando as projecções optimistas para o término de 2012 foram feitas, os EUA ainda esperavam pela decisão do eleitorado norte-americano sobre quem ocuparia a cadeira presidencial nos próximos anos. Numa corrida eleitoral marcada pela incerteza de quem sairia vitorioso, Barack Obama conseguiu a reeleição com 53% mas a distribuição de poderes manteve-se inalterável. O senado dos EUA permaneceu na posse dos democratas enquanto a Câmara dos Representantes continuou a ser liderada pelos republicanos. Este desenho político viria a prometer novos impasses (como o que aconteceu no final de 2012 para a aprovação do orçamento para 2013) que comprometem a tão desejada retoma da economia.
Agora concluídos três meses do ano de 2013, alguns lampejos de esperança voltam a acalentar o mundo. Depois do impasse em que o ano de 2012 foi findado, a 23 de Março, os democratas alcançaram no Senado aquilo a que Harry Reid, líder da maioria democrata, apelidou de “uma façanha hercúlea”. Foi aprovado desde 2009, o primeiro orçamento com 50 votos a favor e 49 contra, num projecto que prevê arrecadar um bilhão de dólares em receitas ao longo da próxima década, com medidas que acabam com os benefícios fiscais dos mais ricos, e cortar no mesmo valor as despesas do governo.
Também o índice de acções norte-americano, Dow Jones, alcançou uma marca histórica no mês de Março, fechando com a sua melhor pontuação de sempre a 14.254 sendo o bom desempenho do índice explicado pela queda do desemprego, a melhoria no mercado imobiliário e no aumento do consumo de bens duráveis por parte da população.
Assim, os sinais de fortalecimento da economia aumentam as estimativas que a economia dos EUA está novamente num caminho sustentável de recuperação, como o que foi anunciado em meados de 2012. Porém, alguns especialistas já vieram refrear as perspectivas mais optimistas, pois estes valores não contemplam o corte obrigatório das verbas federais no valor de 85 bilhões de dólares, que terá de ser feito até ao final do ano, que pode conter a velocidade a que a retoma é feita.
Mesmo com a vitória alcançada pelos democratas, no final de Março, novos confrontos políticos se projectam no futuro. O próximo ponto a ser discutido pelos dois partidos será em meados de 2013, onde a questão central será o aumento do tecto da dívida. Até lá, a tão falada retoma dos EUA não pode ser encarada como uma realidade, mas sim como uma miragem ainda distante e pouco nítida.