Há dias e momentos nas nossas vidas em que nada parece certo, e tudo o que mais desejamos é que as pessoas que nos rodeiam abandonem o nosso caminho para ficarmos enfim sós. Naquela solidão que nos sabe tão bem, e que nos faz sentir acompanhados por quem nos conhece e valoriza o que apreciamos, subestimando tal como nós, aquilo de que não gostamos.
De facto, nestes dias, ninguém por muito que se esforce nos consegue entender, provavelmente porque nós próprios não queremos ser entendidos, queremos apenas que o tempo passe e que nos deixem em paz, nem mais nem menos, apenas entregues ao silêncio da nossa presença que se transforma num bálsamo que nos refresca o corpo e acalma o espírito.
É assim nos dias em que, por qualquer razão fazemos balanços da nossa vida. Não gosto particularmente de fazer balanços, porque considero que a vida deve ser ponderada e vivida, mas não demasiado pensada ou planeada. Afinal, quantas vezes percebemos por experiência própria que os planos servem para ser alterados? Está escrito nas estrelas, cada vitória, cada desilusão, o momento em que encontramos o amor da nossa vida.
No entanto e apesar de tudo, há momentos em que apetece olhar para trás, não com saudade ou nostalgia, mas com a noção da história que construímos atrás de nós, dos caminhos percorridos e das gargalhadas que demos junto de amigos que acompanharam a nossa vida. Aquelas vitórias suadas que nos retiraram noites de sono, para que as conseguíssemos alcançar, ou os desamores vividos na adolescência em que achávamos que o mundo amanhã já não existiria porque aquele que era o grande amor da nossa vida, não tinha o mesmo sentimento por nós.
É tão bonito ser adolescente e sonhar que a vida é bela e cheia de emoções fortes para viver.
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre. (Oscar Wilde)
Enfim, a vida deve ser vivida sempre que possível em modo intensivo. Só temos uma vida como tantas vezes ouvimos dizer, e por isso não a devemos desperdiçar, aproveitemos cada respiração, cada suspiro, valorizando o facto de estarmos vivos e a oportunidade que nos é dada para fazer melhor a cada dia que passa.
Lia algures que para nos mantermos felizes devemos sempre meditar, ainda que sejam dois ou três minutos por dia, esta é uma boa ajuda para nos sentirmos melhor, e sobretudo a meditação permite ainda que a nossa mente nos afaste do registo de “piloto automático”, levando-nos por vezes e tomar decisões de forma quase automatizada, mantendo o foco e desviando o pensamento do que é negativo e nos “puxa” para baixo.
Afinal, a vida é um eterno recomeço. Todos os dias recomeçamos tudo e repetimos cada gesto de forma rotineira e quase obstinada, somos formatados assim. Todos nascemos completamente indefesos e dependentes, no entanto com o passar do tempo tornamo-nos independente e autónomos.
Passamos por várias escolas, muitas dificuldades e obstáculos, temos novos amigos, a complexidade da nossa vida vai aumento conforme o momento em que nos encontramos, mas sempre de forma proporcional ao tamanho do nosso atrevimento.
Por isso, o meu conselho, se me é permitido, é: Arrisque, tenha coragem e se não estiver satisfeito com o momento atual que vive, então comece tudo de novo, sempre até ao dia em que a felicidade aconteça!
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. (Clarice Lispector)