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Relatório do Interior

“No início, tudo estava vivo. Os mais pequenos objectos eram dotados de corações pulsantes, e até as nuvens tinham nomes.”

– Paul Auster, Relatório do Interior

Nestes tempos modernos, vários factores contribuem para o nosso desequilíbrio físico e psicológico. Falo aqui de desequilíbrio não como doença, mas como desgaste, inquietude ou alteração do estado normal.

Uma vez que a sociedade se encontra virada para a produção, o lucro, o imediatismo e a obsolescência programada, não é fácil resistir ao sentimento de que, como grãos de areia que somos, nos encontramos particularmente susceptíveis a ser esmagados pela velocidade, pela força, pelo passado e pelo futuro.

Os tempos livres que nos restam são passados online, a consumir todo o tipo de produtos e bens materiais ou coexistir em redes sociais falíveis, que vivem da conquista da aparência e do fictício.

No meio de tudo isto, temos de nos gerir a nós mesmos. E não se pense que os variadíssimos métodos que existem são recentes. Por vezes tornam-se “moda”, a new age dos anos 90, a mindfulness dos últimos anos, mas não são mais do que nomes diferentes para a mesma ideia base.

Desde o surgimento das grandes religiões, começando pelo oriente, e aliadas a sistemas de pensamento, o hinduísmo, o taoísmo e o budismo acabaram por sugerir métodos de concentração e de auto-conhecimento, levando os praticantes mais perto da verdadeira consciência, plenitude, realização e felicidade.

Com facilidade nos surgirá no pensamento a imagem de alguém na posição de flor de lótus, o que não é descabido, embora não seja obrigatório. O ioga (em sânscrito yoga, significando controlar, unir, concentrar) é utilizado hoje em dia não apenas por crentes, ou em contexto religioso, mas por pessoas por todo o mundo, para relaxar e meditar.

Por outro lado, as religiões judaico-cristãs utilizam há muitos séculos a oração, o silêncio e a contemplação como veículos de fé, mas também de conhecimento do próprio.

Finalmente, no século XX, como corrente de pensamento da psicanálise, Freud (re)desenvolve os conceitos de consciente/inconsciente: na nossa mente o “ego”, ou “eu”, é o fruto do combate entre o “superego” (regras e condicionalismos sociais aprendidos) e o “infra-ego” ou “id” (cujas pulsões seguem o princípio do prazer).

Voltando a uma maior simplicidade, para meditar é apenas necessário sentar-se e relaxar, sendo uma boa maneira de fazer uma pausa, desligar dos problemas externos e fazer uma espécie de sincronização entre nós próprios e o momento em que nos encontramos. É a altura em que descobrimos o nosso carpe diem e deitamos para trás das costas o control-freak que há em nós.

É, pelo menos, aquilo que senti, nas oportunidades que tive de meditar em conjunto. Fixamo-nos apenas na respiração, ouvimos e seguimos uma voz suave, por vezes acompanhada por música, e vamos até onde a mente nos levar. E é importante pensarmos que nos sentimos relaxados, não apenas física, mas também psicologicamente, tendo abdicado, por algum tempo, de tudo aquilo de que é feito o nosso dia a dia: pressa/pressão, controlo/descontrolo, organização/desorganização.

Não precisamos de controlar o futuro que não conhecemos, o presente que não dominamos, o passado que já aconteceu. Precisamos apenas de ser nós, e de nos descobrirmos nesse processo.

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Pequeno jardim zen para relaxar:

“Bach with ocean sounds / Suite para orquestra nº3 em Ré maior BWV 1068”

Forest birdsong

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