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Querido Microorganismo Infeccioso,

Está na altura de termos uma conversa. Como sabes, já fazes parte da minha vida, mudaste-me alguns hábitos, mas há coisas importantes a esclarecer entre nós. Por exemplo, como queres que te trate? Estive a pensar e acho que o nome vírus é muito vago e demasiado impessoal. E se te vais introduzir em mim convém que tenhamos alguma intimidade. Chamar-te Corona confere um ar mais exótico, mas, ao mesmo tempo, confunde-te com uma famosa marca de bebida alcoólica. Dá-te pouca credibilidade, se bem que às vezes pareças mesmo um bêbado meio estúpido que embirra com toda a gente. O nome Covid traz-me uma dúvida: nunca sei se devo dizer “o Covid” ou “a Covid”. Um problema de género que talvez reflicta os tempos modernos. Pensa nisto e depois diz-me.

Há em ti uma certa ingenuidade que faz com que até os teus muitos defeitos me atraiam. Na verdade, és um sedutor que prende a respiração a muitas pessoas, mas isto não pode continuar. Repara no Prof. Marcelo. Ele tolera a febre, as dores, o nariz entupido e as dificuldades de respiração, mas viver sem beijos, abraços e todo o tipo de afectos é-lhe doloroso. Uma quarentena para o Presidente da República é como tirar o amigo ao José Sócrates.

Tenho acompanhado a tua pandemia com alguma atenção e acho que andas muito alvoroçado. Fico com a sensação de que queres fazer tudo demasiado depressa e estar em todo o lado ao mesmo tempo. Não mostras ser uma ameaça, mostras ser alguém com necessidade de atenção. Tens de comer mais legumes. A minha tia Amália diz que fazem bem à ansiedade.

Outra coisa: tens de cuidar da tua imagem. Vejo aí uma certa trapalhada. Estamos na era da comunicação e é fundamental saber qual a mensagem que queremos transmitir aos outros. Talvez estejas a precisar de fazer um curso de marketing pessoal. Quem se apresenta com coroa e cores espampanantes não parece ser um risco para a humanidade, parece o José Castelo-Branco.

Vê lá isso, pá.

Um beijinho

Manuel

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