
Esta é a pergunta que o incomum cidadão deve colocar a si próprio, quando abre os olhinhos pela manhã, tarde ou noite.
Ora vejamos: são os agentes das forças de segurança, os professores e agora os médicos. Não sei se conseguem constatar, mas levam todos nas orelhas por motivos relacionados com a actividade profissional.
Quero ver o dia em que um arguido “malhe” em plena sala de audiência num dos magistrados, por não estar de acordo com o tom de voz ou com a decisão, após o bater do martelo. Ai, talvez ai, comece a haver uma certa preocupação.
Dizer que ofensas à integridade física a certas pessoas, no exercício da sua actividade profissional, qualifica o crime parece anedótico, pois a balança favorece aparentemente o incomum cidadão, isto, porque, sei lá, estava emocionalmente desequilibrado, tinha dormido pouco ou nada, o seu clube de futebol tinha perdido ou, ainda, apercebeu-se de que o papel higiénico tinha terminado e o dito cujo estava sentado na sanita. Perante qualquer uma destas soluções, já é admissível enfiar umas peras a quem lhes tente estragar ainda mais o dia.
Deixemo-nos de mesquinhez, todos nós sabemos que nas profissões acima mencionadas, existe resposta célere por parte das instituições e, além de que durante a formação para o desempenho, há disciplinas que preparam os profissionais para estas e outras vontades do incomum cidadão.
Escrevo e reforço que é incomum, pois quero acreditar que a sociedade ainda não está perdida.
A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano.
– João Paulo II