São a primeira geração verdadeiramente globalizada. Frequentemente apelidados, conforme os estudiosos, de geração Y, geração Millenium, geração Internet e até de geração ioiô, os jovens de hoje cresceram rodeados de tecnologia. Habituaram-se a ter acesso à informação, com apenas um “clique”. São consumidores exigentes, ávidos por inovações. Têm uma visão do mundo diferente. Preocupam-se com o meio ambiente e as causas sociais. Contudo, estão a tornar-se adultos, numa época de enormes transformações sociais, políticas e económicas. Vivem na incerteza. Não pensam muito no futuro. Preferem não fazer grandes planos. As expectativas são praticamente nulas. Vivem o momento.
Nasceram num berço de ouro. No melhor momento económico da história de Portugal. Ouviram falar sobre a Expo 98, viveram o Euro 2004, não conheceram praticamente outra moeda a não ser o Euro. Sentiram os benefícios dos fundos comunitários e do crédito fácil. Agora, enfrentam o caos da recessão económica e do colapso do sistema financeiro.
Questionam-se sobre a utilidade dos seus diplomas. Afinal, estamos diante da geração mais bem formada de sempre, que enfrenta um mercado de trabalho débil, que só lhes oferece precariedade. Obriga-os a pular de emprego em emprego. A estabilidade não é uma palavra que faça parte do dicionário das suas vidas.
Ganham menos do que os jovens de há dez anos. Sentem-se perdidos e muitos lançam-se na aventura da emigração. Os que ficam, não conseguem sair de baixo das asas dos pais. Um relatório internacional divulgado recentemente, aponta a percentagem de 55%. Podem até ter um emprego, mas não têm garantias para o futuro. A isto junta-se a dificuldade de acesso ao crédito, que impede a compra de casa própria, para os que até têm algumas condições para fazê-lo.
É uma geração que vive na angústia, na incerteza do presente. Muitos admitem não contar com um emprego a médio prazo, quanto mais uma carreira sólida. A reforma? Uma ilusão. Sem rumo, adiam o casamento e a paternidade. Sentem que precisam de ter estabilidade financeira para dar estes passos. Estabilidade que não têm.
Distantes da política, preferem mostrar o seu descontentamento nas ruas e não nas urnas. Não se identificam com os mecanismos convencionais de fazer política em Portugal e muito menos com os partidos e os políticos. Na história mais recente da democracia do nosso país, poucas foram as manifestações que juntaram tantas vozes pela mesma causa como o movimento “Que se Lixe a Troika”. As taxas de abstenção são também espelho desse distanciamento. No último acto eleitoral nacional, as Autárquicas, 47,4% dos cidadãos não votaram. O lema é: “ de que adianta votar, se eles são todos iguais?”.
Sobrevivem como podem. Desenrascam-se. Lançam projectos novos e irreverentes. Aproveitam o presente, entre empregos mal pagos, precários, ou até sem eles. São sonhadores. A maioria prefere fazer o que lhes faz sentir feliz. Afinal, parece que Este País não é para Jovens, como diz o título do livro dos jornalistas José Manuel Fernandes e Helena Matos, com a diferença de que actual geração encara desafios que a maioria das pessoas vivas nunca viram.