Somos uma sociedade curiosa, quando observamos os velhinhos a vestirem-se de preto da cabeça aos pés, dizemos que eles deveriam tentar ser um espírito mais aberto e uma mentalidade “mais para a frente”, mas depois quando observamos as velhotas com o cabelo pintado de azul ou os velhotes todos equipados de fato de treino dizemos: “Aqueles têm a mania que ainda são uns teenagers!”
Afinal de contas, que tipo de mentalidades são as nossas? O corpo envelhece tanto quanto é natural, mas a alma e o espírito não têm obrigatoriamente de o fazer. A idade é apenas um número e não obstante do cuidado que devemos ter com a nossa saúde, pois é natural que o nosso organismo fique mais propenso a doenças com o aumento da idade, não significa propriamente que tenhamos de alterar todos os nossos comportamentos e hábitos ou até deixá-los. Já diz o ditado: “Parar é morrer!” E é verdade, uma vida activa e equilibrada contribui muito para uma velhice saudável sem que a pessoa se tenha de sentir mesmo velha. O envelhecimento deve ser recebido de braços abertos e como uma festa não como algo que nos vai impedir de viver. Hoje em dia, existem muitas iniciativas que incentivam as pessoas a viver activamente a sua velhice, para que estas não se entreguem ao canto lá de casa e à monotonia de uma vida solidária, ou que não se sintam como um peso para a família.
Não é um facto adquirido que as pessoas idosas não possam praticar desporto ou até ganhar em maratonas, cada vez vamos tendo mais exemplos disso: em 2015, Harriete Thompson tinha 92 anos, quando terminou a Rock’n Roll Marathon em San Diego, fê-lo em 7 horas e 20 minutos. As suas rugas e os seus 92 anos não foram um obstáculo para ela! Cá em Portugal, também temos casos em que a velhice ficou em casa, veja-se o caso da nossa Rosa Mota, que com 60 anos continua a correr e a dar que falar. Em Dezembro de 2018, cortou a meta em primeiro lugar na Mini-Maratona de Macau, correndo 5200 metros em 22.02 minutos, menos 2.45 do que em 2016.
Muitas pessoas têm a mentalidade de associar o aumento da idade com as doenças e a morte, em parte é verdade mas só se a própria pessoa permitir. O sedentarismo nas pessoas idosas é um grande factor de risco para as doenças crónicas degenerativas, pois, com o envelhecimento, o corpo tende a diminuir a massa muscular, a massa óssea e a mobilidade, aumentando assim o risco de queda e fraturas, além da capacidade da reabilitação ser mais reduzida. Assim sendo, quando um idoso pratica exercício diminui muito o processo de envelhecimento, pois acaba por fortalecer a massa magra. Mas não se trata apenas do corpo, trata-se também do espírito e do estado psicológico. Uma vida mais activa para um idoso, significa menos solidão, menos depressões e mais independência, daí a importância de se fugir á ideia de que a idade determina quem somos e a nossa qualidade de vida.
O envelhecimento deve ser encarado como uma vitória e a continuação da vida e dos bons hábitos desta, nunca como o fim da vida ou como uma desculpa para deixar de ter iniciativas saudáveis e loucas!