Qual é a importância e o papel do filho do meio, quando se tem um ou mais filhos?

Mas que pergunta esta!

Nunca (espero eu) vou ter um filho do meio. Não sou a filha do meio e, seguindo esta linha de raciocínio, sou a mais velha, a preferida – a “minha irmã do meio”, o meu “irmão do meio” e o “mais novo” dizem exactamente o mesmo, deixando um sorriso rasgado na cara do pai e da mãe, que adoram observar-nos a reivindicar o lugar de “preferido”. Cada um deles chegou com o mesmo dom, o de dar mais cor, alegria, birras, discussões aos meus dias.

Não há como delegar um papel a um filho em particular, não há como dar uma importância singular. Aprendi isso, muito de certeza, por ter a melhor família do mundo.

Somos quatro irmãos super-diferentes. Eu, a mais velha, tenho quase vinte anos de diferença do mais novo. As brincadeiras dele têm vinte anos de diferença das minhas, logo por ai o crescimento dele, as vivências dele, em nada se vão parecer às minhas, mas o essencial, o que nos move, a mim e a todos, está lá, está aqui em mim. A irmã do meio (nunca me ocorreu chamar-lhe assim, deve ser meio que irritante! Vou experimentar), nasceu dois anos depois de mim, quase não me deu tempo de sentir o que era ser filha única – por essa razão afinal podemos dizer que somos as mais velhas, quase não se nota a diferença de idades e, quando se nota, pareço eu a mais nova (muitos risos). Partilhamos as mesmas brincadeiras – mais ou menos – e, com 2 anos de diferença, era fácil enganá-la e prometer-lhe coisas impossíveis, contar-lhe histórias fantasiosas e fazê-la acreditar.

O segundo mais novo (aparentemente ninguém é o do meio) veio meio que durante a transição de um meio para o outro, como que com ele carregasse mudança. Super-independente, autónomo e trapalhão.

Foi o que retivemos daquilo que nos foi oferecido pelos pais, pelo meio, pelas circunstâncias, que fazem cada um de nós importante e individual. E, ao ser verdade que a ordem em que nascemos dentro de uma família influencia na personalidade, a palavra-chave deveria ser sempre “pais”. Os pais é que transmitem a essência, aquilo de que somos realmente feitos, aquilo que fica na alma por toda uma vida. Não discordando que o primeiro filho sempre estará em volto em insegurança e um certo medo, mas os que depois nascem o ganhem com isso, em autonomia, por terem a porta do mundo mais aberta. Ganham a oportunidade de cair e de se levantar sozinho.

Esqueçamos o mais velho, o mais novo, o do meio. São filhos! Apenas e tantos filhos.

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