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Putin, o Conquistador

Vladimir Putin tem uma maneira peculiar de fazer as coisas. Ele, basicamente, faz o que quer, quando quer e da maneira que quer, sem ligar a opositores, críticos e a quem possa sentir-se ofendido. Putin age como se fosse dono e senhor da Rússia (admitamos até o é) tal como os czares Romanov o fizeram até à Revolução Bolchevique. Não se coíbe de fazer manobras publicitárias, como por exemplo tranquilizar tigres ao abrigo de um programa de protecção ambiental, mergulhar num submersível, ou pilotar um bombardeiro supersónico, cultivado a imagem de durão e patriota. Porém, quem é Vladimir Putin?

Putin começou a sua carreira como oficial do KGB, na secção de contra-informação, passando depois para a secção de vigilância. Demite-se em 1991, no segundo dia do golpe de estado que derrubou a União Soviética, com o posto de tenente-coronel, e é aqui que começa a sua carreira política. Até 1996, serve em vários postos na administração de São Petersburgo, até ser chamado para ser o número 2 do Departamento de Gestão Presidencial. Em 1997, é chamado pelo Presidente Boris Yeltsin para ser o número 2 da Direcção de Pessoal do Presidente e é aqui que a sua carreira política dispara. Trabalha para o governo, até 1999, e, simultaneamente, vai trabalhando na sua tese de mestrado em Economia. A 9 de Agosto é nomeado, pelo Presidente, um dos três Primeiro-vice-Primeiro-Ministro e ainda no mesmo dia é nomeado Primeiro-Ministro. Quando, a 31 de Dezembro de 1999, Boris Yeltsin inesperadamente se demite, Putin é nomeado Presidente Interino.

Ao contrário do que se pensa, ambas as Presidências de Putin foram benéficas. Houve crescimento económico, a qualidade de vida da população russa aumentou, criou-se uma classe média, baixaram-se impostos, a indústria cresceu e as reformas políticas e administrativas foram recebidas e entraram em vigor com grande sucesso e sem grande oposição. No fundo, Putin descentralizou o sistema sem o fazer, deu mais autonomia às regiões da Rússia e resgatou o país de um caminho ruinoso. No entanto, Putin não é um santo. Durante ambas as presidências, vemos surgir uma nova classe de oligarcas com laços demasiado próximos do Presidente e do Governo, vemos opositores a serem silenciados (Mikhail Khodorkovsky, o dono da petrolífera Yukos foi preso, julgado e condenado por alegar que Putin e os seus esbirros eram corruptos, tendo a empresa posteriormente falida), aprovou leis que efectivamente proíbem a homossexualidade, registou-se um aumento de grupos violentos que se regem por normas nacionalistas e neonazis e vive-se um sentimento de impunidade geral para os ricos. Apenas para não referir as suspeitas de corrupção, de desvios de dinheiros públicos, de abusos de poder e de pressões políticas não só por Putin, mas também do seu círculo íntimo.

Os recentes conflitos na Ucrânia trouxeram público um Putin diferente. Este conflito deu-nos a conhecer Putin, o Conquistador, um homem com o desejo irrefreável da reentrada da Crimeia na Federação Russa (historicamente a Crimeia sempre foi território russo só deixando de o ser com a queda da União Soviética). Vimos o financiador de milícias desejoso de entrar para a história como o homem que recriou o Império Russo. Alguém tão concentrado num só objectivo que o mundo temeu que se pudesse gerar uma guerra entre potências. Mesmo quando ameaçado com sanções internacionais, continuou a desafiar o Ocidente e conseguiu a aceitação tácita da anexação. A anexação da Crimeia é, simultaneamente, considerado o ponto baixo e o ponto alto da sua terceira Presidência.

Alvo de muitas críticas é a permeabilidade com que Vladimir Putin e Dmitri Medvedev‎ trocam de cargo. Medvedev‎ foi primeiro-ministro de Putin e, ao ser eleito Presidente, nomeia Putin seu primeiro-ministro. A acção inverte-se, quando Putin é eleito uma terceira vez, e nomeia Medvedev‎ o seu primeiro-ministro. Esta permeabilidade entre os cargos faz com que Putin seja muitas vezes considerado um ditador. Enquanto ela não desaparecer da vida política russa, a própria Rússia não avança.

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