Próximo Destino: O Mundo

Passadas as festividades chegamos à altura ideal para avaliar o que fizemos em 2016 e traçar objectivos para o novo ano. Entramos num novo ciclo regido por Saturno que durará 36 anos e que trará certamente novos desafios e oportunidades.

Podemos ter um ou outro objectivo para 2017 ou podemos querer uma mudança total. Este texto é para quem procura uma nova vida.

Os nossos padrões culturais e sociais estão em constante mudança. E, talvez por isto, a vida que os nossos pais levaram já não seja para todos nós, um modelo a seguir. Cada vez existem mais pessoas insatisfeitas com a rotina habitual e que procuram uma felicidade “diferente”. Encontram-na em momentos, experiências e em desafios e não tanto no conforto económico, como nos habituamos a ver enquanto crescíamos. O trabalho para a vida é cada vez mais raro e o dinheiro, embora muito importante, deixou de ser uma prioridade. A rotina de um trabalho com horário fixo das 9h-18h é para muitos estranguladora e são cada vez mais os que optam por uma carreira freelancer que lhes permita organizar a sua vida de maneira diferente, de forma a terem tempo para fazer tudo o que gostam e precisam. Muitos transformam-se também em Nómadas Digitais.

O nomadismo digital é uma nova forma de viver e de trabalhar sem morada fixa. É um estilo de vida que alia o trabalho ao gosto pelas viagens. Os nómadas digitais são pessoas que apenas precisam de um PC com ligação à Internet para conseguirem fazer o seu trabalho. Geralmente, são escritores, blogueiros, programadores, profissionais de SEO, designers, fotógrafos, donos de e-commerces e consultores. A maior parte trabalha nas áreas de tecnologia e da criação de conteúdo digital. Trabalham como qualquer outra pessoa, mas têm o privilégio de gerirem o seu tempo, dinheiro e localização. Quando o visto está a chegar ao fim, é tempo de partir para outro destino, tal como os nómadas de antigamente, que migravam de um lugar para o outro, quando os recursos naturais se esgotavam.

Desengane-se quem achar que ser um Nómada Digital é ser um turista. Eu diria que são mais viajantes, uma vez que gerem o seu tempo, mas têm de ter atenção aos diferentes fusos horários e aos deadlines, de forma a não colocarem os seus trabalhos/projectos em risco. Pelo que sei, também procuram alojamento local e tentam sempre ser acolhidos pela sua população, assim minimizam os seus custos e exponenciam ao máximo a sua experiência, pois nada melhor do que os “locals” para ajudarem na integração e na escolha de sítios a visitar. Para além disto, usam e abusam dos espaços de co-working, pois é uma forma de conhecer pessoas, desenvolver projectos e ter acesso a rede WI-FI estável.

Contudo, o que é preciso para nos tornarmos Nómadas Digitais? Convém ter alguma estabilidade financeira para os primeiros tempos, para evitar stress desnecessário, quando estamos a tentar arranjar os primeiros trabalhos. Depois temos de trabalhar o nosso lado emocional, não deve ser fácil desapegarmo-nos de tudo e de todos, existirão momentos difíceis e temos de saber lidar com eles. Para além disso, é muito fácil distrairmo-nos, sermos improdutivos e não separar a vida pessoal da profissional, quando estamos no paraíso… Mas sinceramente, acima de tudo acredito que temos de ser um pouco “wanderers” para ir para a frente! “Wanderers” são as pessoas que “sofrem” (se é que se pode dizer assim) de “Wanderlust”! Wanderlust é uma palavra que deriva da palavra alemã Wandern que significa “andar”. Esta palavra tem hoje como definição um desejo muito forte e uma vontade incontrolável de viajar e percorrer o mundo. Vários estudos científicos têm vindo a provar que existe um gene que todos os wanderers têm em comum. O DRD4-7R, baptizado de “gene do wanderlust”, atinge aproximadamente 20% da população mundial e está associado a níveis elevados de dopamina no cérebro e a um nível elevado de curiosidade e agitação. Agora, quando quiserem pedir desculpas pela vossa criança não parar quieta, podem dizer que sofre de wanderlust! Parece-me bem melhor, do que hiperactiva!

Já que falo em crianças, aproveito para mencionar que em Portugal pais com filhos com idade até aos 3 anos podem pedir para trabalhar em regime de Home-Office, desde que o seu trabalho possa ser feito a partir de casa.

Numa empresa, as pessoas ficam condicionadas a regras e hierarquias e acabam por perder a sua autonomia e inspiração. A rotina do trabalho e do horário acaba por condicionar o nosso raciocinio. Com mais autonomia, liberdade e por não termos de perder tempo no trajecto de casa para o trabalho, a produtividade aumenta. Torna-se mais fácil, tomar um bom pequeno almoço, ler as notícias, fazer uma caminhada ou brincar com o cão. Ou seja, ganha-se qualidade de vida.

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