A imagem da máquina fotográfica demonstra bem o que acho: quando há muitas distrações em volta, retiram-te a razão por que te apaixonaste. Os hábitos são, por um lado, o teu maior ganho, a tua estrutura, mas, por outro lado, a maior razão da tua fragilidade.
Quando perdeste o valor, porque te apaixonaste, por estares farto da mesma coisa, deves tentar encontrar novos valores e não desistir do que antes te seduziu.
Quem é bom fotógrafo, procura muitos momentos à sua volta e não embeleza a sua própria fotografia. Só quem descobre a sua arte e desfruta dela a sério tira gozo da sua câmara. É preciso apreciar-se a si e a nós, para não sentir vontade de procurar outras relações.
Não estar satisfeito no seu eu relacional é a principal razão de procurar de outras relações.
O que significa infidelidade em cada um de nós?
A questão é o que significa a fidelidade para cada pessoa.
Se tens pensamentos, olhares correspondidos ou não, ou algo mais de carnal ou contacto físico, se sonhas com outra relação, se pensas muito na outra pessoa… A traição está, antes de tudo, muito relacionada contigo, se te levas a sério ou não, se levas a tua relação como acima das terrenas (não sei bem se a relação de amor é egoísta ou altruísta ou um misto de ambas, cada pessoa dará o seu cunho à dita cuja).
Há quem assuma a sua relação como única e quem tenha muitas relações.
Traem, porque a relação traída não as satisfaz o suficiente ou esqueceram-se da razão da paixão, do porquê de estarem juntos. E das duas, uma: é melhor continuar com certezas ou acabar com certezas, mas não continuar no incerto.
Às vezes, é preciso afastarem-se um do outro para perceberem o óbvio, que estão bem juntos e, no entretanto, têm facilidade em encontrar outras relações substitutas. Ou um ou ambos.
O amor é que é raro, tão raro que, quando o encontramos, não devemos desperdiçar.
Dificilmente, duas pessoas estão alinhadas. É muito fácil alguém sentir que não merece o outro. Momentos de crise todos temos, dar-lhes azo, já é com cada um. Pode ser por coisas tão simples como viver em cidades diferentes ou ter horários antagónicos
Traem, porque, em comparação, ficam a ganhar e não têm medo de ser apanhados, de perder a relação principal, uma vez que não sentem a segurança de uma vida criada a par. Não são muito sérios consigo próprios, não se levam a sério, não se assumem. A pessoa escolhida para passar uma vida inteira foi uma má escolha que carece de coragem no divórcio.
Se a traição é plenamente aceite por ambos, não carece de relação e fidelidade, que foi criada pelo Ser humano como forma de garantir confiança. É um seguro e saber com o que ou quem podemos contar.
A roda gigante revela uma forma de não dar importância ao lugar que tens. Se perdemos o lugar, a seguir vem outro. Num mundo em que há tantos divórcios, é provável que o problema maior esteja no sistema do casamento que já não faz sentido.