Quando não perdoamos o cansaço mental nos destrói e faz-nos perder a calma no meio da tempestade de culpa que carregamos. Ficamos presos à raiva.
Apenas sobrevivemos.
O rancor sufoca-nos e revivemos segundo a segundo todos os momentos que nos levaram ao “Não Perdão”. Ficamos fartos de tudo e do nada. É como se estivesse sempre a trovejar dentro de nós e a sair faíscas prontas a rebentar e por isso reagimos em piloto automático e não nos permitimos sarar. Esfolamos vezes sem conta a mesma ferida aberta sem nos darmos de conta que no Perdoar vive o aceitar. Não, não é o se contentar mas é o reconhecer que há coisas que não se podem mudar e que fizemos o melhor que conseguimos com algo que já aconteceu e que agora o melhor para nós é seguir em frente.
No entanto e apesar disso Perdoar é difícil. Talvez porque acreditamos que o Perdoar anda de mãos dadas com o esquecer e nisso não queremos ceder porque doeu demais.
Só que não.
Perdoar é uma libertação.
Primeiro, se não perdoas não dá para gostares de quem és e aceitares quem já foste. Sem perdoares (a ti e aos outros), sem te desculpares por todas as coisas que disseste e não quiseste por todas as coisas que calaste e que querias vomitar e por todas as coisas que aconteceram fora e que provocaram reacção em ti, vives sempre para o outro e para as situações que te magoaram. Se não te libertares do peso e das feridas que foram causadas em todas as brigas que não deviam de ter existido (ou talvez devessem, mas não devias ter levado tão a peito) como é que vais sair da tempestade? Se mantens o foco no que está errado como é que alguma coisa vai mudar? Se continuamos a trazer para os nossos dias o stress e a frustração do passado, os medos e o desalento que sempre nos prendeu?
Quem se ama sabe e aceita que é eterno viajante da sua própria luta interior e imaginação por isso quem perdoa a si mesmo e aos outros faz a limpeza mental que precisa para ser livre em vez de antecipar realidades para um futuro imaginário e também aproveita para deixar de viver agarrado ao “SE” e ao que podia ter sido (por muito que isso doa). É que quem Ama confia e se não confiamos em nós para poder tomar a nossa melhor decisão como é que somos capazes de pegar as rédeas da nossa vida e sermos livres?
Por isso é que vejo o Perdão como uma escolha. Difícil? Sim porque descarregar as emoções é confrontar-nos com quem fomos, com o que dissemos e com o que vivemos e ainda assim faz-nos aceitar que está tudo bem porque o que nos aconteceu nos fortaleceu, nos fez chegar até ao momento presente. Mas é uma escolha que nos finalmente liberta e desperta para algo melhor: Um futuro promissor com muito Amor e aceitação por e de nós.