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Outubro rosa

Outubro é mês de Outono. Este ano anda meio esquecido ou simplesmente prolongou as férias. O calor assim, sem revestimento, não é deste mês que se prepara para receber as castanhas assadas e outros requintes que lhe são peculiares.

Contudo Outubro ganha o epíteto de rosa e torna-se o mês em que o cancro da mama passa a estar na ordem do dia. Na realidade devia ser um tema sem um mês específico, um assunto desta importância não devia precisar de data para ser relembrado. Acontece que tudo tem uma origem e seria de bom tom que fosse recordada.

Nos anos 70, do século XX, Susan Goodman Komen, é diagnosticada com cancro da mama. Nessa época, ainda nos primórdios da descoberta da variante BRACS, não havia tratamento para esta doença e Susan acaba por morrer sem que tivesse sido avistada esperança neste campo.

Felizmente que a medicina evoluiu e muito se fez nesta área. Pode-se, como é natural, argumentar que muito mais deveria ter sido feito; é verdade, contudo muitas vidas são salvas com os devidos tratamentos e a sua continuidade. Há que não fazer de conta que não funciona. Certos tratamentos deixam mazelas tão fortes que doem, mas o bem maior, a vida, merece o combate.

Outubro tornou-se um símbolo feminino, de tomada de consciência para uma doença que tem vindo a aumentar de forma exponencial e que, apesar de tudo, continua mortal. O cancro da mama não é um doce que se queira comer à colher nem guardar para um momento de solidão. É uma doença castradora.

O que acontece quando se é diagnosticada com cancro da mama? A primeira sensação é de sentir o chão a fugir, da sala enrolar ou de se deixar de respirar. São múltiplas as sensações sentidas e as dores que se encostam ao corpo. Vou morrer, é o pensamento que sai, livre e tão traiçoeiro.

É verdade, todos vamos morrer um dia, mas não se sabe quando. É esta a beleza da vida. Obviamente que no quente do momento, quando se sente que existe um código de barras e que não há leitor certo para o ler, tudo parece que ofusca, aperta e derruba. Há que se ser assertiva e manter a cabeça fria para se colocarem as perguntas pertinentes.

O que se pretende realçar neste mês, é a importância para a saúde, o estar atenta, não haver desleixo na realização de exames regulares e igualmente que se saiba ouvir o corpo, ver se existe alguma alteração de relevo. Tudo conta.

É bem certo que o nosso sistema de saúde está pelas ruas da amargura e o que devia ser célere, demora uma eternidade, mas há que insistir e persistir e nunca desistir. Sabe-se que existem bons e maus profissionais em todas as categorias, mas os hospitais, esses locais onde as paredes ouvem os choros mudos, são os locais certos para que as dúvidas se dissipem.

O melhor é não ir sozinha às consultas e exames. Nem sempre se ouve o que se espera e um ombro amigo, o calor humano ajuda a amenizar o que de duro possa advir. Sem mais delongas, tenham em mente que não é uma sentença de morte e que tudo será feito para que a tempestade se vá e o bom porto acolha o barco de cada uma.

Obviamente que não existem milagres, a medicina é uma ciência, e estas células podem estar muito organizadas e danadas, migrando livres pelo corpo. Muitas mulheres terão que fazer tratamentos durante toda a sua vida, criando uma rotina para que tudo continue a fazer sentido. Outras ficarão sem uma ou as duas mamas. Uma castração que deixa uma cicatriz para sempre, mesmo que façam a reconstrução.

Afinal o que é o cancro da mama? Além de ser uma doença democrática, já que escolhe qualquer mulher, apesar de também atacar os homens, não tem particular cuidado especial na cor, raça, credo, classe social ou qualquer um dos outros parâmetros. Depois instala-se, faz-se de dono e toma o corpo da mulher como refém.

Existem dois tipos diferentes deste cancro que se subdividem em espécies mais específicas. São elas o triplo negativo, que não tem um tratamento de continuidade e o hormonal, que implica uma duração de tratamento de vários anos. O que têm em comum são os tratamentos com quimioterapia e/ou de radioterapia. Acresce que o hormonal terá de tomar medicação, no mínimo, durante cinco anos.

Cancro, a palavra de poucas letras, mas com um significado imenso e pesado. O cancro não é rosa, é de todas as cores e não tem nenhuma. É um medo que caminha ao lado de quem a ouve e sente na pele. Contudo tal não implica que se feche à vida e coloque a cabeça num buraco. Há que o saber enfrentar e o pensamento positivo é o primeiro passo para a cura.

Cura… que nunca chega nem existe. Que se fique ciente que o que se deseja é que fique adormecido, numa tal letargia que nunca mais dê sinal. Fácil? Não é mas o impossível passa a desafio. Os cinco anos são uma barreira, um muro que simboliza a morte do bicho de sete cabeças. Apesar disso, ele pode ter uma outra escondida e voltar a surgir.

A vida é uma aventura constante e desafiante. É um risco que existe e nela reside tanta beleza e alegria que se pode envolver numa espécie de poesia. Uns poemas são escritos com amor e paixão, belos e profundos. Outros são a raiva e a dor e precisam de exorcizar os fantasmas que neles residem.

O cancro é um rio com leito tortuoso. No degelo, o caudal é muito forte e os vários sedimentos podem ser arrastados até muito longe. No Verão, pode secar e a marca que deixa, estéril e desagradável, pode vir a ser sanada se houver equilíbrio. Assim é a vida. Com cancro ou sem ele.

Cuidem-se. Façam os exames de rotina. Não se desleixem. Amem-se. Todas as mulheres são importantes e fazem muita falta. Depois da sua partida, o que fica é uma enorme e desmesurada saudade. O vazio nunca será preenchido. Não existe linha de amor que o possa coser. Sejam egoístas. O jardim pessoal é único e maravilhoso.

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