Os Bajau: A tribo do mar

Vivemos num mundo cheio de diversidade cultural, etnias de “estranhos” costumes, curiosas crenças e superstições, tribos que vivem espalhadas pelo mundo, inclusive no mar. É o caso dos Bajau, a tribo que vive no meio dos oceanos.

Os Bajau são um grupo étnico que vive literalmente no meio do mar, num ponto do nosso planeta conhecido como o Triângulo dos Corais e que pertence à Indonésia, à Malásia e às Filipinas. São um povo nómada e marinheiro, com um fortíssimo vínculo com os oceanos, pelo que os indivíduos desta tribo são também chamados de “ciganos do mar”.

Esta etnia habita, desde há gerações, em incríveis povoados que são construídos no meio do mar, alguns deles vivem em casas feitas de madeira acima de recifes de coral enquanto que outros, habitam em pequenos barcos chamados de lepa-lepa.

MG_osbajauatribodomar_1Os Bajau nascem, vivem e morrem no mar. Muitos deles nunca chegam a pisar terra firme e quando o fazem é para enterrar os seus defuntos ou para intercambiar peixe nos litorais por açúcar, arroz ou frutas. Muitos Bajaus afirmam que estar em terra firme os faz sentir enjoados e infelizes por não estarem no mar.

Como é de se esperar, a principal fonte de economia deste povo é a pesca, especialmente a de trepang, que é um pepino do mar muito utilizado na preparação de sopas e manjares em países como a China e que é considerado uma iguaria por esta tribo. A pesca é feita usando técnicas muito antigas que são transmitidas de pai para filho. Aos quatro anos, os Bajau sabem navegar os lepa-lepa e, aos sete, já conhecem todas as técnicas de pesca tradicional. Além disso, vale a pena dizer que nesta tribo as mulheres também pescam e, muitas vezes, saem para pescar e mergulhar em família.

MG_osbajauatribodomar_2Por terem tanto contato com o mar desde pequenos, os Bajau são grandes nadadores e mergulhadores. Realizam grandes mergulhos sem equipamentos sofisticados, chegando a descender até aos 30 metros de profundidade, para pescarem peixes, pepinos do mar e pérolas. Diz-se que muitos deles podem chegar a aguentar a respiração durante 5 minutos, utilizando uma técnica especial de mergulho, onde os músculos do estômago dosificam o oxigénio e controlam o ar que sai dos pulmões. Como o mergulho é uma actividade do dia-a-dia, nesta tribo é comum existirem problemas relacionados com os tímpanos, principalmente nos jovens. Assim, estes mergulhadores conseguem mergulhar a grandes profundidades sem terem dores de ouvido. E por isso, não surpreende também que os Bajau idosos sejam surdos.

Esta tribo do mar acredita numa mistura de religiões que está entre o Islamismo, as religiões tribais antigas e as crenças fortemente influenciadas pelos mares e a vida que neles habita. Quando uma criança nasce, recebe nomes que descrevem o entorno marinho no momento do nascimento e seguidamente o pai lança esta criança à água, simbolizando isto o início de uma nova vida, intensamente ligada ao mar.

Contudo e como muitas outras tribos e etnias, os Bajau estão a desaparecer em silêncio. Isto deve-se ao facto de que esta tribo é vítima de pressões dos governos locais, que afirmam que ela destrói o ambiente com a pesca e a extração de pérolas de forma predatória. Estes governos têm obrigado os Bajau a abandonarem as suas casas flutuantes e embarcações e a assentarem-se em terra firme, onde acabam por ser alvo de discriminação por parte de outros povos da região que os consideram inferiores. Actualmente, estima-se que existem cerca de 1.000 casas flutuantes Bajau, localizadas em zonas isoladas nas Filipinas, na Malásia e na Indonésia.

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