Orlando I – O massacre de Orlando deveria alerta-nos para a necessidade de travar um combate comum pela liberdade e garantida dos direitos individuais – aqueles que apenas dizem respeito a si. Pretos, mulheres, gays são 3 exemplos de grupos globalmente discriminados, massacrados, perseguidos, que vem a liberdade restringida e a sua vida ceifada quotidianamente. Unam-se muitos dos grupos discriminados e serão a maioria. E o mundo será muito melhor. Não queiramos apenas o nosso bem. Não olhemos apenas para o nosso umbigo. A liberdade é universal. O fortalecimento da liberdade do meu vizinho constrói a minha própria. Esta luta é de todos.
Orlando II – De todos deveria ser a luta pela restrição às armas. O facto dos EUA terem sido “construídos” por conquistadores que chacinaram os indígenas e tinham o direito a proteger-se, não justifica o acesso descontrolado a armamento nos dias de hoje. Não se trata de defesa pessoal, como antes se alegava. É um barril de pólvora que rebenta todos os dias.
Orlando III – Estes massacres terroristas são um fenómeno complexo e deveriam por-nos a pensar em vez de nos instar a repetir o que todos os dias ouvimos e lemos. O facto é que o terrorismo sempre existiu. Os mecanismos de luta terrorista foram sempre usados quando havia uma desproporção entre dois oponentes. E de terroristas eram sempre apelidados aqueles que não estavam do lado certo – o dos outros, os mais fortes. Os índios levavam a cabo actos terroristas contra os europeus. Os tibetanos também o faziam contra os chineses ocupantes. Os palestinos fazem-no contra os israelitas. Talvez os povos da península ibérica o tenham feito contra as tropas romanas. Com em tudo na vida, também há terroristas de primeira e de segunda.
Terá sido um ato de alguém com problemas de saúde mental, ligado a um grupo terrorista, ou sobretudo um ato contra a comunidade gay? Não defendo qualquer atentado à vida. Mas há que fazer algo mais que lamentar para se avançar e não se repetirem estes dramas transversais e cuja raiz é comum.