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Onde está o Amor?

O sentimento “Amor” é difícil de explicar, talvez porque não foi feito para ser definido, mas para se fazer sentir. É um sentimento, logo a lógica será essa. A questão é que no Amor se há coisa que não existe é lógica, cada qual sente à sua maneira e o demonstra, de forma própria. Não há correcto, nem menos adequado, apenas diferente e que tantas vezes sofre de variações culturais. Quem não tem a ideia de que os nórdicos são pessoas mais frias, que não passam cavaco a ninguém, fechados e que não demonstram qualquer tipo de sentimento? E os latinos, que tão bem sabem acolher, que tão facilmente são pessoas para abraçar, que dizem o que lhe vais na alma, sentem com paixão e sofrem por Amor? São rótulos que a ele não se colam, ideias pré-concebidas, quando o Amor não tem nenhuma concepção.

Aquilo que se sabe, porque assim o contam os nossos avós, é que o Amor tem evoluído com a história, tal como o ser humano tem mudado com o tempo, contudo nem sempre da forma mais positiva. Em tempos, foi cortesia e galanteio, um namoro respeitável de calçada para alpendre, entre sorrisos a desejar beijos e faces coradas a denunciar o Amor. As palavras eram escritas à média luz, o envelope selado cuidadosamente com a língua, como se da pele se tratasse, e o envio era feito entre portas e travessas. O Amor não se podia saber, não fosse ser proibido. Eram tempos em que se viviam amores proibidos, que se amava em segredo, que se explodia na emoção de esporádicos e fugazes encontros, longe dos olhares alheios.

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Quando tal Amor se tornava público, para obter respeito a ponto de frequentar a casa em plena luz do dia, a mão teria que ser pedida ao pai, como se de um membro amovível se tratasse. No fundo não era a mão que importava, mas sim o coração, pedido com todo o respeito com a promessa de o amar para sempre. Apesar de se conhecerem desde miúdos e a relação poder não ser perfeita, a compreensão era mútua e a tolerância existia para fazer o casamento durar, a ponto de celebrar bodas de ouro.

Hoje em dia são raras as relações que contam bodas, até porque primeiro que se encontre a alma gémea, é processo para demorar o seu tempo. O casamento caiu em desuso e vive-se em união de facto, pois acredita-se que não é necessário um papel para validar o Amor. O Amor de hoje é mais desprendido, muitas vezes sentido de ânimo leve e levado pouco a sério. É que as vidas são atarefadas e o Amor ficou em segundo lugar. A compreensão e a tolerância são adjectivos que não caracterizam relações, pois a compreensão é intolerante e a tolerância é incompreendida. Vivemos na Era do facilitismo e o Amor, longe de ser fácil, torna-se descartável, prescindível, quando os tempos, mais do que qualquer outra altura, gritam por Amor.

As pessoas tornaram-se contidas a sentir, procuram cuidadosamente as palavras para descrever o que lhes vai na alma, são politicamente correctas a senti-lo, em vez de o fazer explodir. O Amor pede explosão, requer mãos dadas pela rua, gestos loucos e impulsivos, uma dormência constante que só é apaziguada na presença do mais que tudo. As flores nas mãos e os sorrisos rasgados só são vulgares no dia dos namorados, que é apenas um dia em 365 que o Amor se deve fazer sentir e demonstrar.

“No amor, somos todos meninos. Meninos, pequenos, pequeninos. Sentimo-nos coisas poucas perante a glória descarada de quem amamos. Quem ama não passa de um recém-nascido, que recém-nasce todos os dias.”

Miguel Esteves Cardoso

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