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Olímpicos no Rio: uns jogos envenenados

O Rio de Janeiro é, por esta altura, o centro das atenções graças aos (tão) esperados Jogos Olímpicos. No sábado foi dado (oficialmente) o ponta pé de saída daquele que é considerado o maior evento desportivo do mundo. Apesar de todo o furor em volta da América Latina na recepção aos jogos, o país demonstrou grandes debilidades (a todos os níveis), debilidades já sentidas após a eleição do Brasil como palco para a competição deste ano. Porém, será que essa instabilidade só surgiu há sete anos? Ou será que o histórico dos brasileiros penetra todo um percurso desequilibrado e insustentável que só agora (será?) começa a ter visibilidade? Todos sabemos que sim. E agora o estado decadente do país encontra-se à vista de todos: desemprego com valores recorde, manifestações sucessivas, inflação galopante e já para não falar da instabilidade política após o famoso “impecheament” da presidenta Dilma Rousseff. Para “melhorar” ainda mais a situação incontrolável do país chegam ao Rio de Janeiro os Jogos Olímpicos.

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A euforia dos cariocas após o anúncio em 2009 contrasta agora com um sentimento de desilusão quanto à capacidade do Brasil em receber os JO. Em vésperas do arranque da competição, o Observador conversou com três cariocas sobre as suas expectativas quanto ao evento. Apenas uma tem bilhetes para ver ao vivo o decorrer dos JO. A segurança e a disseminação do vírus Zika na cidade preocupam as cariocas que confirmaram o reforço policial, durante todo o evento. A criminalidade aumentou significativamente. As sucessivas greves da polícia (e não só) deixam as pessoas receosas que saem à rua com cautela.

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O sistema de transportes públicos atravessa um período de caos completo, sempre lotados, com obras atrasadas, trânsito caótico e com uma reconfiguração confusa para os próprios cidadãos. Estes procuram percursos alternativos que sejam mais directos, contudo, queixam-se do preço elevado das viagens e das alterações sucessivas aos percursos.

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Desigualdade. É a expressão que sempre ouvimos falar, quando se fala dos países em desenvolvimento. Contudo, este conceito está mais visível do que nunca. O fosso entre pobres e ricos aumenta quando agora a inflação atinge níveis galopantes, dificultando a vida dos mais vulneráveis. A classe média, essa, está cada vez mais extinta, dia após dia.

E os Jogos? Onde ficam no meio de tudo isto? No princípio deste ano, já o governador do Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública, sublinhando as dificuldades no pagamento de obras dos JO.

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As críticas avolumam-se, quando questionados os organismos internacionais – O holandês Camiel Eurlings denuncia que apenas 15% dos cartazes e sinais foram instalados. Os próprios atletas e treinadores apressam-se para chegar a tempo e horas dos treinos e eventos agendados. Os roubos já se fazem sentir na própria aldeia olímpica – o chefe de missão dinamarquês confirmou o roubo de vários pertences e queixa-se das condições dos edifícios onde se encontram alojados. Já para não falar da poluição da baía olímpica, descrito por biólogos como “esgoto puro”. O que é facto é que atletas de vários países que treinam há meses no Rio já apresentaram “sintomas de intoxicação, febres, diarreias e problemas respiratórios” (Correio da Manhã). No entanto, o Instituto do Ambiente do Rio de Janeiro garante a qualidade das águas segundo os padrões internacionais.

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A poucas horas do arranque ainda haviam parafusos por apertar que são cobertos por esferovite para disfarçar. Mas até quando vão continuar a cobrir o “encobrível”? Até quando é que o dinheiro público vai continuar a ser usado  (e abusado)? As próprias entrevistadas pelo Observador garantem que parte dos financiamentos públicos são encobertos pelos próprios governantes que “super-facturam” as obras, criando um círculo vicioso de défice nos cofres públicos. Exemplo disso são estádios que, tanto no Mundial do ano passado e nos JO, não têm finalização à vista apesar dos avultados (e exagerados) investimentos.

Considerado já várias vezes o povo mais feliz do mundo, o brasileiro vive hoje num autêntico caos em festa: caos pela situação insustentável que vive; em festa pela recepção dos Jogos Olímpicos.

Apesar do actual panorama no Rio de Janeiro, a maioria dos moradores acredita no sucesso do evento.

Entre 5 e 21 de Agosto são milhares os turistas que invadem a cidade carioca. Estarão eles seguros? Estarão eles cientes do país que irão encontrar? Estará o Brasil pronto para fazer face a previstos e imprevistos? E como será o pós-Jogos Olímpicos? São (muitas as) perguntas que poderão ser respondidas no decorrer da competição… Ou talvez não.

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