Existem palavras que são consideradas muito “fortes” e uma delas é Ódio. Um conceito muito importante para compreender as relações humanas e a intolerância e discriminação.
O ódio é um sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, rancor profundo, horror, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo. Assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objectivo. Muitas vezes dizemos que odiamos alguém, mas a palavra é banalizada e utilizada da boca para fora.
O ódio é uma arma utilizada para criar bodes expiatórios, para ganhar votos, que explora medos e é utilizado há séculos. O medo é explorado de diversas formas e fomenta o ódio.
A primeira questão pertinente é: Será o ódio sempre um processo irracional?
O medo cria barreiras e influência e, muitas vezes, nem nos apercebermos. O medo de envelhecermos, engordarmos, ficarmos sozinhos, de sermos impopulares. A culpa é uma forma de controlo que incide sobre as nossas inseguranças e anseios. Tanto o amor, como o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes – as nossas opiniões possuem dimensões morais, sociais, culturais e pessoais.
Tenho visto demasiado ódio para querer odiar.
– Martin Luther King
O medo é uma ferramenta utilizada por profissionais de diversas áreas. Sentir medo influência a forma como a nossa atenção é regulada e interfere na percepção que temos da realidade. Os circuitos cerebrais e os processos cognitivos que dão origem ao medo são uma arma poderosa.
O medo é a origem da superstição, da ignorância, da tirania da esperança e do ódio. O moralista confunde a sua utopia e os seus ideais com a conduta ideal dos homens. Acha que a única maneira de pensar correctamente é a sua e, muitas vezes, constrói uma ideia de sociedade baseada nos seus preconceitos e na sua visão ortodoxa do mundo. Ou seja, o medo e os preconceitos criam cartilhas e ideias formuladas por hipótese ou por dedução sem ter em conta os precedentes ou a experiência.
A impotência do medo cria fascistas, moralistas, entre outros, e, desta forma, nasce uma cartilha de como os homens devem ser, baseando-se em a priori impossíveis de serem conquistados.
Não há ninguém que eu odeie, acho que dá muito trabalho odiar. Há é pessoas que me são indiferentes.
Quem o diz é António Lobo Antunes.