Num acto de revolta retirei há dias o meu “gosto” da página do Facebook dum jornal online recém-criado. A fome por mais visualizações é tanta que o dito órgão de comunicação se tem dado ao papel, especialmente durante o horário nocturno, de partilhar artigos (se pode mesmo chamar-se assim) com conteúdos só comparados à revista Maria e ao Correio da Manhã.
Pensei que se tratasse de um projecto diferente. Enganei-me. O que é uma pena. Mais do mesmo, não é de facto o que necessita a Comunicação Social, em Portugal. Infelizmente, tem sido este o caminho adoptado. Até mesmo, por jornais que há meia dúzia de anos se orgulhavam em terem uma linha editorial rigorosa, como é o caso do Público.
O argumento dos directores é a crise – a queda das vendas. É o vale tudo, é o que se pode concluir. Toda a gente sabe que a imprensa cor-de-rosa sempre foi mais lucrativa, mas misturar ambos num só, acarreta um problema grave ao leitor – saber separar a informação da desinformação. Exemplo disso foi o que se passou com a não notícia da participação de Diogo Morgado na série Game of Thrones. Um insólito cada vez mais comum. Certos jornais portugueses ainda não perceberam que estão a perder credibilidade. Importa lembrar que a génese do jornalismo é a verdade. É que todos os anos saem fornadas de potenciais jornalistas das universidades portuguesas, sendo a realidade actual tudo menos um bom exemplo para as gerações vindouras.
Dá impressão que a imprensa fechou as portas à sua missão maior – informar. Uma sociedade ciente do que a rodeia depende obrigatoriamente dum bom jornalismo. Colocar os lucros acima disso, é dar cabo da beleza deste ramo. Pior ainda: trata-se dum retrocesso. Não é a própria comunicação social que diz estarmos diante da geração mais bem formada de sempre? Pois bem, então acompanhem o tempo! Estão a passar a imagem de que os portugueses são todos uns incultos, interessados somente pelas operações plásticas da Lili Caneças. É mentira. Prova disso é que os jovens são os que menos vêem televisão.
Abandonar esta linha é o caminho mais difícil. Ninguém dúvida disso. O Correio da Manhã continua a ser o mais vendido e o Jornal de Notícias viu as suas vendas a subirem depois de aproximar o seu registo a este. Mesmo a pessoa com mais formação não resiste a pegar naquela revista com determinado famoso na capa. A coscuvilhice está no nosso ADN, mas deixemos esses conteúdos para esse núcleo da imprensa e façamos do jornalismo um motivo de orgulho para quem sonha com ele. O sucesso até pode ser mais demorado, mas será claramente mais valioso para os leitores.
Olá, Diana Rodrigues. – Bem-vinda à nossa Fundação Geolíngua. – Estou à sua disposição para dialogar. – Caso queira que eu lhe envie uma e-mail, com alguns links sobre o projeto Geolíngua, é só solicitar. – Sugiro que assista à esta entrevista – http://www.youtube.com/watch?v=aisI7SEry4c