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O teu filho é feliz?

As crianças são violinos a aguardar que um violinista componha obras de arte únicas. Não existe nelas nada de superficial. São matizadas de curiosidade e avidez de conhecimento, são esponjas prontas a absorver ensinamentos que as moldarão de acordo com as suas vivências sociais.

Na minha experiência de interação com os mais pequenos em workshops de escrita criativa, tenho constatado que nós, adultos, estamos absolutamente equivocados no que toca à avaliação das experiências a que os expomos. Pegamos em belíssimos violinos apenas para arranhar uns acordes e esperamos que o destino faça o resto. Sentimo-nos assoberbados com o excesso de demandas, o cansaço e a pressão para que sejamos pais perfeitos, e oscilamos entre o que sabemos ser melhor e o que consideramos que faz os nossos filhos verdadeiramente felizes.

Parecemos conformados, quando consideramos e desconsideramos a temática dos estímulos eletrónicos e da vida acelerada para onde a sociedade nos empurra. A maioria de nós gastará mais facilmente dinheiro num vídeojogo do que numa atividade ludo-didática, por termos absorvido o pré-conceito de que a criança não gosta de determinado tipo de atividade ou a achará aborrecida. Desejamos compensar os nossos filhos pela falta de tempo que lhes dedicamos, a qualquer custo.

Creio que os participantes nos meus workshops terão contacto com as novas tecnologias e, no entanto, parecem mergulhar com gosto em pouco mais de uma hora de papel, canetas coloridas, leitura, jogos e outras brincadeiras. Beneficiam do convívio, dos momentos de diversão e aprendizagem e, frequentemente, manifestam o desejo de repetir a experiência. Muitos deles voltam.

É esta avaliação dos pais e educadores que leva a uma desvalorização errónea da importância do estímulo criativo em detrimento do mergulhar profundo noutro tipo de estímulo menos benéfico.  Este equívoco precisa ser desconstruído desde o momento em que aprendem a ler e a escrever, no primeiro ciclo do ensino básico. É sabido que a criatividade é inata, mas sofre um declínio acentuado a partir dos 10 anos de idade. A partir dos 25 anos apenas 2% das pessoas são consideradas altamente criativas. Infelizmente, os extensos programas curriculares deixam pouca margem para a criatividade e caberá aos professores o resgate da sua própria criatividade de forma a proporcionar a aprendizagem imposta de forma lúdica. É fácil? Não. Pela minha curta experiência, existe um longo caminho a percorrer. Estamos a caminhar no sentido oposto das metas que pretendemos atingir.

Existe uma necessidade premente de educar, antes de mais, os educadores. A criatividade é a premissa para que esta geração atinja com sucesso os seus intentos e é uma ferramenta cada vez mais valorizada pelas empresas que buscam novos talentos. Senão, vejamos o exemplo que muitas vezes dou nos meus workshops, tanto a adultos como a crianças: seriam os criadores de grandes impérios, como Walt Disney ou Steve Jobs, pessoas criativas? A resposta parece óbvia e é. Sem criatividade não existe inovação, é difícil solucionar problemas, sem ela não existe arte e alcançar o sucesso poderá ser um caminho árduo.

No entanto, importa ressalvar que o sucesso profissional não é tudo. É urgente dotar as nossas escolas de ferramentas que permitam combater a espiral de stress em que as crianças são envolvidas. Os casos de ansiedade na infância começam a atingir proporções alarmantes, com uma afluência nunca vista a psicólogos e psiquiatras em busca de ajuda. Este combate passa por disponibilizar espaços onde sejam ensinadas formas de combater o stress como a meditação e o yoga. A criação de espaço temporal para as manifestações artísticas, de acordo com a preferência das crianças, é igualmente de extrema importância. A arte é terapêutica enquanto método de catarse, uma vez que pode ajudar a criança a exteriorizar emoções negativas, ajudá-la a envolver-se em pleno numa atividade que lhe proporciona momentos lúdicos e que contribuirá para elevar a autoestima quando devidamente apreciada e incentivada pelo educador.

Obviamente, não podemos descartar o contacto com dispositivos eletrónicos nem demonizá-los, devemos antes dosear as atividades sem pré-conceitos para que exista equilibrio na exposição aos mesmos e que as crianças possam, também elas, crescer equilibradas num mundo que parece caminhar a passos largos para a globalização do declínio da sanidade emocional.

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