O perigo cada vez mais próximo.

O Estado Islâmico (DAESH,em arabe), suscita um misto de medo e curiosidade na população global pois até ao aparecimento deste grupo, nenhum outro, nos últimos séculos, tentara uma fidelidade tão radical ao modelo profético. O Estado Islâmico, para além de ser um grupo de terroristas capazes de degolar jornalistas e queimar vivos pilotos, é um grupo religioso que pretende criar uma nação global onde todos professem a religião muçulmana. Acreditam ser os agentes principais do dia do juízo final descrito em alguns textos religiosos, como a bíblia e propõem-se a purificar o mundo ,matando o número máximo de pessoas. O último combate seria em Jerusalém, entre os exércitos Romanos e árabes.

Controlam uma área superior à do Reino Unido. Este grupo aproveitou a situação geopolítica vivida no médio oriente que é cada vez mais caótica. A queda de ditadores como Kadafi, a guerra na Síria ,ou a frágil democracia no Iraque e no Afeganistão fizeram com que o grupo conquista-se cada vez mais territórios, tendo apenas como opositores ( no terreno) os guerrilheiros curdos ( o Curdistão fica na fronteira entre a Turquia e a Síria. No seio deste exército existem várias mulheres. Para os jihadistas do estado islâmico a maior desonra seria morrer devido a uma bala disparada por uma mulher). Na Síria, o Estado Islâmico sofreu três mil baixas nos últimos 10 meses e 200 civis também perderam a vida, devido aos bombardeamentos realizados pela coligação liderada pelos Estados Unidos da América. Dos mortos, 53 eram menores e 35 eram do sexo feminino. Até agora, o mais mortífero aconteceu no enclave curdo-sírio de Bir Mahali, entre os dias 30 de Abril a 1 de Maio, com um total de 64 mortos civis por causa de ataques com morteiros. A maioria dos jihadistas que perderam a vida eram estrangeiros. Muitos jihadistas europeus voltam para os países de origem e perpetuam atentados ,como foi o caso do atentado em Paris, em Janeiro. Os três homens tinham ligação a este grupo, através de um quarto indivíduo que está preso numa prisão de alta-segurança francesa. Os lutadores europeus são na maioria jovens e usam para entrar no país a Turquia e, em alguns casos, usaram Portugal como ponto de paragem para ludibriarem os serviços secretos. Os jovens europeus, alguns não eram sequer muçulmanos, foram islamizados por vídeos de propaganda e encíclicas na Internet. Editam uma revista periódica em língua inglesa e alemã.

O ISIS (sigla em inglês) vê os xiitas como infiéis. Isto, porque o xiismo é sinónimo de inovação, o que é um crime para eles. E faz com que 200 milhões de xiitas estejam marcados para morrer. O estado islâmico apoia o islamismo sunita, identificando-se com a ala jihadista de um ramo do sunismo chamado salafismo, do árabe al salaf al salih, os “fundadores devotos”. Seguem todos os comportamentos de Maomé.

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Desde Maio de 2010 que Abu Bakr al-Baghdadi é o seu líder. A 5 de Julho de 2010 subiu a uma mesquita e proclamou-se o primeiro califa em séculos- o último califado foi o império Otomano, que conheceu o período áureo no século XV. O califado foi proclamado em Raqqa, no norte da Síria, a 30 de Junho com a realização de uma parada militar. Este grupo incentiva a emigração dos muçulmanos de todo o mundo para este local, apesar de a maioria dos muçulmanos ser contra as suas acções grupo.

Pretendem conquistar novas terras (pelo menos uma por ano) e expandir-se para territórios não-muçulmanos. Um jihadista português conhecido com Al-Andaluz afirma que o estado islâmico tem como objectivo alcançar a península ibérica nos próximos cinco anos. Alguns pensadores mais de esquerda acreditam que “o estado islâmico é um monstro providencial”. O grupo aparece devido a uma cisão que aconteceu após a morte de Bin-Laden,pertencente a uma família poderosa. A diferença deste grupo para a Al-Qaeda do falecido Bin-Laden são as tácticas utilizadas que são muito mais medievais ,mas nas aldeias e vilas ocupadas pelo califado estes criaram postos de correio e até existem ciber-cafés, onde os jihadistas (“os lutadores de deus”) podem ter acesso às suas contas em redes sociais, ou a colocar vídeos no YouTube. A Al-Qaeda operava com células dispersas, enquanto o Estado Islâmico actua num território que se estende pela Síria e o Iraque.A sua burocracia divide-se nos ramos civil e militar, e o seu território em províncias.

Muitas das imagens que os órgãos de comunicação social têm são gravadas pelos próprios combatentes. A tomada de Kobanne foi gravada por um português. Alguns dos lutadores portugueses já morreram, devido a ataques realizados pelas forças da coligação internacionais. Em Mossul,no Iraque, os combatentes obrigam os homens da localidade a usarem barbas compridas. Esta cidade foi conquistada em 2014.Quem não seguir esta nova moda pode ser preso. Há vários anos atrás, no Afeganistão, os talibãs criaram uma lei semelhante e até tinham “os policias da barba” ,que tinham o poder de condenar a penas de três dias a uma semana de prisão os homens que não cumprissem a lei.

Os muitos civis que continuam a viver na cidade só podem deixá-la comprometendo-se a voltar em prazos estipulados. Se desobedecerem, a casa ou o carro podem ser confiscados pelos jihadistas. Conseguem dinheiro ,através da escravidão de mulheres e crianças capturadas, durante a guerra, e os lucros de alguns poços de petróleo que detém. “Vamos conquistar a vossa Roma, quebrar os vossos crucifixos e escravizar as vossas mulheres”, prometeu Adnani, o porta-voz, numa ameaça velada ao ocidente. Perseguiram milhares de cristão no Iraque. Estes são conhecidos como Iazidis.

O Estado Islâmico tem um califado, mas já demonstrou ser capaz de atuar em vários pontos do globo, como os atentados recentes em Paris, ou na Tunísia ( onde morreu uma turista portuguesa) demonstraram.

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