Ou o efeito estático do momento.
A fotografia é uma ferramenta individual ou colectiva, que desde a sua concepção, se tornou manifestamente na forma de perpetuar momentos estáticos, contrariamente ao vídeo, que se destina a perpetuar movimentos dinâmicos.
A utilidade da fotografia na vida das pessoas e das comunidades, tem desde a sua invenção, a essencial tarefa de salvaguardar aquele preciso momento, ainda que estático. Através da fotografia, ou de um conjunto de fotografias, é-nos possível reviver, remexer na memória, não só aquele exacto momento estático que, o click do momento prendeu irremediavelmente, como a partir dela, ou delas, reconstruir o passado e o consequente desfecho posterior daquele momento.
A fotografia permite, não só, despertar bons sentimentos, a alegria daquele momento, o prazer visual de uma paisagem inexistente hoje, velhos companheiros e amigos de escola, aquelas férias e as saudades que deixaram, bem como também, através do registo fotográfico, se despoleta a dor de perder alguém, a saudade do fiel companheiro de quatro patas. Uma das dinâmicas da vida, é o tempo imparável, a fotografia aprisiona essa dinâmica irreversível, parando o tempo.
O papel da fotografia na sociedade é preponderante, estabelece a moda, oferece a escolha, captam para a posteridade momentos importantes na sociedade, e podemos aferir dessa valência das fotos, no marketing, na comunicação social.
Todavia, a fotografia, como a vida também, é hoje possível de manipular, mas nem sempre assim o foi, antes da evolução tecnológica, a fotografia era uma arte, ou melhor dizendo, ser fotografo era uma arte, porque captar aquele momento, aquele sorriso, aquela paisagem no angulo certo, era necessário uma mistura de conhecimento e destreza física e intelectual, o “click” era único, gravar para sempre um momento dinâmico em um pedaço de papel estático, com a evolução das ferramentas destinadas às fotografias, essa arte é inexistente.
Claro que existem fotografias manipuladas, que se transformaram em obras de extrema beleza, e de certa forma arte também, naturalmente que temos de conceder o crédito aquele que, domina o aparato tecnológico existente, e de um momento único, o reconstrói, alterando esse momento e criando outro a partir do verdadeiro momento captado.
Seja como for, o papel da fotografia consiste no iniciar das revivências passadas, guardadas algures na memoria de alguém, seja simplesmente para esse alguém reviver a solo esse momento, ou para o transmitir a quem não o tenha vivido, no caso em a fotografia seja o marcador no arquivo da memória, ou o papel de motivador, desmotivador, na imprensa e no marketing.
Através da fotografia podemos contar todas as histórias, quantas nela couberem, mas também pode criar uma história, ou um momento, que, na realidade, não nos pertença ou que não exista, manipulando a foto na sua realidade observável e a sua historia para um efeito desejável, que não reflecte aquela realidade aprisionada na fotografia.
A única fotografia que irá sempre ser fiel ao momento, é aquela que ainda nenhum “click” conseguiu aprisionar: são as fotos dinâmicas da nossa memória, as restantes são aquilo que cada um quiser e as histórias que bem entenderem.