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O ocaso do Império Austro-Húngaro: Francisco José e Carlos I

Francisco José (1830-1916) era Imperador da Áustria (1848) e rei da Hungria (1867) quando eclodiu a guerra.

Os seus pais eram o arquiduque Francisco Carlos (1802-1878), filho segundo do imperador Francisco I (1768-1835) e Sofia da Baviera (1805-1872). Francisco José era filho primogénito e, encontrando-se na linha sucessória do seu tio, o Imperador Fernando I (1793-1875) que, embora casado, não tivera filhos, foi educado como herdeiro do trono. Para isso, seguiu a carreira das armas, sendo coronel no exército.

Aos 18 anos herda o trono imperial austríaco. Na verdade, o seu tio é forçado a abdicar, após a revolução austríaca, na qual diversas facções se opõem à sua política absolutista e ao seu braço direito, o chanceler Metternich (1773-1859). O pai de Francisco José acaba por subir ao trono, mas é novamente afastado, quando o absolutismo ganha novamente maior preponderância, sendo aquele que acaba por subir ao trono. São as políticas absolutas que vão marcar o início do seu reinado, embora, sobretudo após a derrota face à França e à Sardenha em 1859, tenha adoptado uma política mais liberal.

1É também neste período que conhece e acaba por casar com Isabel (1837-1898), duquesa da Baviera, conhecida por Sissi e imortalizada no grande ecrã por Rommy Schneider (1938-1982). Francisco e Isabel eram primos direitos, visto as suas mães serem irmãs. Luísa Guilhermina (1808-1892), casada com o duque Maximiliano da Baviera (1808-1888) era irmã de Sofia, filhas do segundo casamento de seu pai, Maximiliano I (1756-1825) com Carolina de Baden (1776-1841). Deste casamento nasceriam quatro filhos: Sofia (1855-1857), Gisela (1856-1932), Rodolfo (1858-1889) e Maria Valéria (1868-1889).

Em 1879, a Áustria-Hungria assina um tratado com o Império Alemão, que implicava a assistência militar mútua em caso de ataque, juntando-se em 1882, o reino de Itália. Estava assim criada a Tríplice aliança, que teria um papel fundamental no desenrolar dos acontecimentos já no século seguinte, nomeadamente na primeira grande guerra.

Em 1889, o seu filho Rodolfo morre em circunstâncias estranhas e o seu sobrinho Francisco Fernando (1864-1914), torna-se o sucessor do trono. Todavia, o seu assassinato em Sarajevo, em 28 de Junho de 1914 mudaria o destino do império Austríaco, da Europa e do mundo, para sempre.

Passado pouco menos de um mês, a 23 de Julho a Áustria-Hungria envia um ultimato à Sérvia. O imperador não terá tido nenhum papel nesta intervenção, uma vez que se encontrava fora de Viena, nas suas férias anuais. Os responsáveis foram a equipa ministerial, em particular o Conde Leopold Berchtold (1863-1942), ministro dos negócios estrangeiros, e o Conde Franz Conrad von Hötzendorf (1852-1925), responsável pelo exército. Este ultimato, que o imperador achou demasiado severo, receando desde logo uma possível intervenção da Rússia, tratava-se de uma lista de imposições ao governo do Reino da Sérvia, com o objectivo de a punir pelo atentado e desmantelar quaisquer organizações, ou instituições que fomentassem o ódio e a desobediência à dominação austríaca. O governo sérvio aceitou todas as cláusulas deste ultimato, à excepção da inclusão do governo Austro-húngaro na investigação judicial respeitante à conspiração que tinha posto fim à vida do arquiduque Francisco Fernando, por considerar que era uma medida inconstitucional e uma violação da sua própria soberania, que se pretendia autónoma. Três dias depois, a 26 de Julho, a Sérvia apresentou esta sua resposta ao Império Austro-Húngaro e a 28 este rompe com todas as relações diplomáticas com esse país, ao qual declara guerra a 28 de Julho. Belgrado, a capital sérvia, foi bombardeada no dia seguinte. A trinta desse mesmo mês, a Rússia, aliada histórica da Sérvia, dá ordem para que as suas tropas se dirijam para a Sérvia.

Francisco José, devido à sua idade avançada, pouca intervenção teve no conflito, vindo a falecer dois anos depois, em Novembro de 1916, vítima de uma pneumonia. Até à sua morte, destacam-se algumas batalhas importantes em que o Império Austro-húngaro teve uma participação activa: na batalha naval de Antivari, a 16 de Agosto de 1914, em que as frotas francesa e inglesa combateram dois navios austríacos, um dos quais foi afundado; a Batalha de Krasnik, na frente Oriental, travada entre 23 e 25 de Agosto de 1914, contra o império Russo, e que se tratou da primeira vitória da Áustria-Hungria; a primeira batalha de Isonzo, em Itália, de 23 de Junho a 7 de Julho de 1915 e na qual saiu vencedor este reino e a batalha de Brusilov, no actual território ucraniano, de 4 de Junho a 20 de Setembro de 1916, na qual o império Austríaco saiu perdedor, numa das mais mortíferas batalhas da história, vitimando mais um milhão e quinhentos mil soldados, só austríacos.

No trono austríaco, sucedeu o seu sobrinho-neto Carlos I (1887-1922), neto do seu irmão Carlos Luís (1833-1896) e filho de Oto Francisco da Áustria (1865-1806) e Maria Josefa da Saxônia (1867-1844). Teve uma educação mista, corrente, inicialmente em casa, mas acaba por frequentar o ensino público, complementando a sua formação com a carreira militar.

2Carlos casou em 1911 com Zita de Bourbon-Parma (1892-1989), princesa de Parma, filha de Roberto I (1848-1907), duque de Parma e da Infanta D. Maria Antónia de Bragança (1862-1959), filha mais nova do rei português D. Miguel (1802-1866), exilado. O casal teve 8 filhos, a última das quais nasceu postumamente.

Após a morte de Francisco José, a coroação de Carlos não se fez esperar, tendo ocorrido a 30 de Dezembro de 1916. É também a partir dessa data que o novo imperador passou a estar mais directamente envolvido na guerra, uma vez que até então e mesmo após se ter tornado herdeiro presuntivo do seu tio-avô, este deixara-o à margem das decisões bélicas.

Logo no ano seguinte, Carlos procura negociar a paz com a França, unilateralmente, recorrendo ao seu cunhado, Sixto de Bourbon-Parma (1886-1934), como intermediário. Esta conduta colidia com a do seu ministro dos negócios estrangeiros, Ottokar Czernin (1872-1832), interessado numa paz geral, que incluísse igualmente o seu principal aliado, a Alemanha. Todavia, em 1918 as negociações deixaram de ser secretas. O Imperador negou o seu envolvimento, mas o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau (1841-1929) publica na imprensa as cartas trocadas entre as duas potências em segredo. O ministro dos negócios estrangeiros austríacos demite-se e a Áustria-Hungria está numa posição de maior dependência relativamente ao seu aliado alemão. Para além desta instabilidade externa, também passa por uma maior agitação interna, com uma maior tensão entre os diversos grupos étnicos que albergava no seu seio e que lutavam pela sua auto-determinação e independência.

A 11 de Novembro de 1918, dia em que foi assinado o armistício entre os aliados e a Alemanha, o Imperador redigiu uma proclamação, negando a sua participação na governação. Embora não usando a palavra abdicação, na verdade era o que significava. Nesse dia, a família imperial deixou a sua residência oficial e dois dias depois, redigiu uma proclamação semelhante, relativamente à Hungria.

Exilado na Suíça, Carlos terá procurado por duas vezes, em 1921, recuperar o trono Húngaro, incentivado por monarquistas húngaros, embora sem qualquer sucesso. Após estas tentativas goradas, acaba por se instalar na ilha da Madeira, em Novembro de 1921. O imperador acabaria por falecer logo no ano seguinte, permanecendo os seus restos mortais naquela ilha.

Em 2004, o papa João Paulo II (1920-2005) declarou-o beato, por ter colocado a sua fé cristã e o serviço a Deus acima das vontades políticas, nomeadamente no seu papel de promoção da paz, a partir de 1917.

A História nas Estrelas

Quando olhamos, quer para o mapa de Francisco José I, quer para o de Carlos I, a primeira coisa que nos apercebemos é a de que esta guerra não é deles. Com 84 anos de idade, Francisco José I não é tido em conta para as exigências da Áustria à Sérvia, tendo inclusive considerado que eram demasiado severas, sendo ultrapassado como chefe de Estado nas decisões que a política estava a tomar. Com Sol, Lua e Saturno em Leão na Casa 11, casa do reconhecimento, juntamente com um Ascendente Balança, preconizador de diplomacia e harmonia, regido por uma Vénus em Caranguejo na Casa 10, Francisco José é um Imperador amado e acarinhado, que sabia cuidar dos seus súbditos e que jamais os colocaria numa guerra de ânimo leve.

Mapa de Francisco José I e trânsito do início da Guerra
Mapa de Francisco José I e trânsito do início da Guerra

Quando a Áustria declara guerra à Sérvia, iniciando formalmente a Guerra, encontramos uma Vénus, regente do seu ascendente, conjunta a Plutão a transitar na Casa 9, o que nos demonstra que o Imperador teve de aceitar uma decisão, provavelmente, contra a sua vontade. Contudo, prestes a viver o terceiro retorno de Saturno, que ocorreu poucos meses antes da sua morte, em 1916, com o planeta Úrano, planeta da novidade e da mudança, a fazer oposição aos seus planetas conjuntos em Leão e a contestar a sua autoridade, e com Marte, planeta guerreiro, a transitar pela sua Casa 1, por muita discordância que o Imperador tivesse em relação ao caso, o seu papel político já tinha sido diminuído e até mesmo eliminado, assim como as suas forças para poder transformar a situação. A realidade é que meses depois do terceiro retorno de Saturno, claramente o Universo indicava que o seu percurso está feito e que a resolução do conflito estava nas mãos de outros.

Mapa Carlos I e trânsitos na Coroação
Mapa Carlos I e trânsitos na Coroação

Tal não poderia ser mais verdadeiro ao verificarmos algumas semelhanças entre o mapa de Francisco José I e de Carlos I. Com o Sol também em Leão, mas na Casa 10, um Saturno no último grau de Caranguejo, já a receber muita energia de Leão, trazendo-lhe mais força como Estadista, também Carlos I tem Ascendente Balança, regido por uma Vénus em Balança, na Casa 12. Também esta Guerra não era a sua, tendo desde o início lutado contra ela. Coroado num tempo muito próximo do seu primeiro retorno de Saturno, o seu curto reinado foi gasto em tentar fazer valer o que acreditava, nomeadamente a tentar negociar, de forma escondida da política estatal do país que ele governava, uma paz que nunca conseguiu obter.

A sua coroação demonstra que este é um reinado, de certa forma, apagado e limitado, nomeadamente por estar no centro de uma guerra e por ele, como Imperador e Rei, não ter o poder que lhe poderia dar a capacidade de resolução dos problemas do seu próprio país. Quando a Guerra termina e segue para o exílio, Saturno está a trazer a sua energia ao Nodo Norte natal de Carlos I, demonstrando que o seu papel naquele processo, colocando o seu lugar à escolha dos seus súbditos, estava cumprido. Apesar de ter ainda tentado recuperar o seu reinado, isso não poderia acontecer, na medida em que Carlos I era um exemplo de honra, rectidão e idealismo, mas dificilmente poderia ser um estadista num mundo que tinha iniciado uma transformação global. Por isso, poucos anos depois, na Ilha da Madeira, Carlos I morre.

Contudo, o seu papel foi muito superior ao esperado, na medida em que a sua fé e a sua devoção, assim como a dedicação à paz, foram recompensados pelo Papa João Paulo II, com quem tinha algumas ligações, como o facto do nome do Papa ter sido dado também em honra a Carlos I, ou a devoção mariana que ambos partilhavam. Em épocas diferentes, com histórias diferentes, o legado de Carlos I ultrapassa o tempo.

Estes dois nomes são o exemplo de algo que se iniciou muito fortemente com a primeira guerra, o poder do interesse político e económico ultrapassado pelos valores, nomeadamente os valores que eram trazidos pelas dinastias monárquicas. Francisco José I e Carlos I foram dois estadistas fora das decisões do seu país, anulados pelo poder político e colocados sob a égide de uma guerra que não era a deles.

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