O nosso livro de Vida chamado passado

Viagem ao passado. Poderia ser na máquina do tempo, mas não, não é. Até então não é, de todo, possível. Não, pelo menos fisicamente, mas de memórias e lembranças somos todos feitos. Todos temos momentos destas pequenas viagens. Sejam elas pelo motivo que for…

Um aroma, uma frase, uma fotografia ou até mesmo gestos que repetimos que nos levam lá atrás… Onde tudo começou. E há momentos tão bons. Memórias tão boas. Parece que ficar lá é perdurar o momento por mais – e mais – tempo. Para que não se desvaneça nem apague. Fique para sempre lá. Bem escrito, no livro da nossa Vida.

Livro que conta a história do que fomos, do que vivemos, do que sentimos, do que partilhamos. Livro de memórias e recordações. Onde acedemos vezes e vezes sem conta. Livro que escrevemos todos os dias, a cada momento.

Neste livro, escrevemos de tudo. De bom e de mau. De dias felizes e de dias tristes. De dias de desespero e de dias de esperança. De dias que correm como planeamos e de dias que nos saem completamente dos planos. Afinal, tudo isto é Viver. E este livro vive disso. Da nossa Vida. É a sua fonte vital. Cada um de nós, para o seu livro de Vida.

Cada momento é irrepetível, ainda que alguns desejássemos tanto (tanto mesmo), voltar a viver. Cada página é construída a cada dia. E a cada dia se junta a esse livro mais uma página. Escrita por nós. Vivida e sentida por nós. Deste livro fazem também parte momentos que desejaríamos tanto (tanto mesmo) não ter vivido, mas vivemos. Fazem parte. Guardar remorsos destes momentos é fazê-los perdurar ainda mais.

Guardar remorsos do passado é querer arrancar páginas do nosso livro de Vida. E de todas as vezes que o voltarmos a folhear vamos relembrar. Vamos, inevitavelmente, remoer as páginas que quisemos arrancar, amassar e desejar que não tivessem sido escritas, mas foram. Precisamos deixar que elas se mantenham lá, e de as reler da melhor forma possível. Afinal de contas, as marcas de serem arrancadas serão maiores do que marcas de as deixarmos lá permanecer. E no amadurecer desta caminhada, chegará o dia em que folhear o livro – com todas as suas páginas – vai ser leve. De aprendizagem, de aceitação e de superação.

Este livro contará a nossa essência. As nossas vivências. E também a forma como ultrapassamos o que um dia foi tão difícil, que só entregar ao tempo, foi a mais sábia decisão. Este livro, são as nossas memórias. Este livro conta-nos. Reescrever é possível, nas páginas em branco. Acredito nas diversas formas de podermos contar esta história – para nós e para os outros – vendo que afinal aquelas páginas, tinham mesmo de lá estar. Se dermos o tempo e o espaço necessários para que a nossa história siga e se conte, todos os dias, a cada dia, no melhor possível.

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