Eu suspeita, me confesso. Sou suspeita pelo simples facto que sou da terra de onde o viu nascer. Sou suspeita, porque gosto. Sou suspeita, porque acredito que é mesmo o melhor.
Este pastel tem uma massa folhada fina e estaladiça, recheada com um refogado carne de vitela. Existe nos dias de hoje em dois formatos (o cozido ou o pré-congelado), a massa tem o seu diferencial nas suas laminas muito finas, o que lhe confere um aspecto finamente folhado, e tem uma cor amarela dourado. Tem também como característica singular ser em meia-lua e o seu sabor e aroma inconfundíveis, resultantes da fusão dos sucos do recheio com a massa folhada que são libertados, durante o processo de cozedura.
Neste momento, já meia dúzia de pessoas adivinhou do que falo – é o Pastel de Chaves.
Reza a história que este pastel remonta a 1862, “quando uma vendedora, cuja origem se desconhece, percorria a cidade com uma cesta contendo uns pastéis de forma estranha e cuja quantidade não era suficiente para saciar os flavienses.
Com tal escassez, e para satisfação da gula transmontana, a fundadora da Casa do Antigo Pasteleiro, Sr.ª D.ª Teresa Feliz Barreira, terá oferecido uma libra pela receita de tão gostosa iguaria.” (Fonte: Revista Unibanco, janeiro/fevereiro 2004).
Actualmente, o Pastel de Chaves é um símbolo da cidade e quem prova os “verdadeiros” consegue distingui-los perfeitamente daqueles que se vendem tradicionalmente em muitos sítios e que são apenas um qualquer pastel de carne que não o verdadeiro de Chaves.
Este pastel tem ainda um papel económico importante, a par da história e cultura. Aliás, a crescente notoriedade deste pastel tem originado o aparecimento no mercado de pastéis com cada vez mais variedades e em um cada vez maior número de superfícies comerciais.
Esta iguaria mereceu o seu verdadeiro destaque numa cadeia de lojas abertas na região do Norte, a Loja dos Pastéis de Chaves, que tem, para além dos originais, variações com muitos sabores para poderem experimentar. Porém, eu continuo a ser suspeita e não há mesmo melhor pastel do que o de sabor original.
Arrisco-me a dizer que ofereço um pastel, dos verdadeiros, a todos aqueles que nunca provaram para verem qual a diferença. Ofereço, sim, nem que seja a miniatura.