Robert Downey Jr. e Robert Duvall lideram o elenco principal do filme O Juiz, onde ambos terão de desafiar os seus problemas familiares no tribunal.
A história principal centra-se em Hank Palmer (Robert Downey Jr.) um advogado de sucesso que nunca tenciona perder um caso. Auto-confiante, acredita que a lei pode ser interpretada de forma a incriminar, ou a defender o suspeito – “Innocent people can’t afford me”. No entanto, é uma triste chamada que o faz voltar à sua terra natal, onde passou a infância e a adolescência, lugar que prometeu não voltar. A morte da mãe faz Hank reencontra-se com a sua família: os dois irmãos e o seu pai (Robert Duvall), o juiz veterano e muito respeitado na região, com quem nunca teve uma relação amigável. No entanto, terão de dar tréguas a esses sentimentos, porque a polícia acredita que Joseph Palmer é o responsável pela morte de um homem que condenou há 20 anos. Durante este processo de procura da verdade e provar a inocência do pai, Hank descobre que a cada revelação que surge existe uma probabilidade maior da condenação. Por causa dessa situação, vai reencontrar o elo de ligação perdido há muito com a família. O Juiz, apesar do título, não é um filme sobre os tribunais, nem sobre a investigação de um crime. Esta é uma narrativa sobre as relações pessoais de uma família disfuncional.
Downey já nos habituou a personagens rebeldes, sarcásticas e com respostas rápidas, exemplos disso são Tony Stark, em Iron Man, ou Sherlock Holmes, e Hank Palmer tem a mesma personalidade irreverente que vive em guerra com o pai por não ter sido o mais presente. Este é o tema principal do filme de David Dobkin, que se estreia na realização dramática, habituado a apostar mais em filmes levianos de comédia como Cuidado com o que desejas, Fura-Casamentos e Em defesa de sua majestade. Fez um bom trabalho, mas não é um filme excepcional. Com esta película tenta fazer um apelo ao sentimento humano, mas não comove. Compreendemos que é um filme principalmente sobre memórias do passado e de como podem moldar a nossa vida presente. Percebemos que O Juiz retrata a redenção sobre o sentimento humano e como a falta de comunicação pode deixar palavras importantes por dizer, que podem mudar a nossa opinião. O elenco principal está bem distribuído, Robert Downey Jr. e Robert Duvall, o segundo já conta com 83 anos, conseguem ambos ter um desempenho fantástico como pai e filho. Aliás, são estes dois que tornam o filme mais aliciante. No entanto, não digo o mesmo dos actores Billy Bob Thornton e Vera Farmiga, que se mostram como personagens pouco interessantes.
Concluindo, este é principalmente um filme sobre a relação entre pais e filhos. Além de Hank e Joseph Palmer, acompanhamos o divórcio de Hank com a sua esposa e a partilha conjunta da filha e ainda a história de Samantha Powell (Vera Farmiga), mãe solteira e ex-namorada de Hank, que não tem intenções de revelar à sua filha quem é o seu pai biológico. Contudo, esta longa-metragem não oferece finalidade a todas as situações apresentadas, pois foca-se em demasiados problemas das personagens, uma lacuna que podia ser evitada. O Juiz é um filme mediano de 141 minutos que se torna um pouco previsível.
“My father is a lot of unpleasant things, but murderer is not one of them.”
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