+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

O estado a que chegamos

“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

Capitão Salgueiro Maia (Madrugada de 25 de Abril de 1974)

Depois de ter visto o vídeo que o eurodeputado belga, o Sr. Guy Verhofstadt, publicou no seu mural do Facebook, veio-me logo à cabeça a famosa e emblemática declaração do Capitão Salgueiro Maia, que resolvi colocar no topo deste meu texto de opinião.

O actual momento é de acção e não de “politiquices“ e outras “baboseiras” próprias da política. E perdoem-me, desde já, o recurso ao calão brasileiro, mas não sei de que outra forma utilizar para descrever o quão estúpido estão a ser alguns membros de órgãos decisórios europeus, que fazem lembrar o discurso de quem governou a Alemanha, durante a II Guerra Mundial.

Porém, as tais “baboseiras” não se ficam pelos eurodeputados que comungam da mesma doutrina que o belga Guy Verhofstadt. Basta uma pequena vista ao Facebook para darmos com comentários desta índole da autoria de um cidadão anónimo:

Eu não estranho o teu acreditar no projecto europeu. Estranho é que acredites que os gregos cumprem as responsabilidades inerentes à pertença no projecto europeu. Aliás, se já viste a resposta do Tsipras deves ter percebido que com o Syriza não serão feitas reformas estruturais na Grécia.

Ora vejamos, então, o resultado do cumprimento das tais “responsabilidades inerentes à pertença no projecto europeu” por parte dos Gregos:

– 60% da População Jovem Grega está desempregada;

– 30% da População Activa Grega está desempregada;

– Os Capitais Gregos encontram-se, na sua totalidade, na Suíça/Alemanha, pois a carga fiscal hoje em dia na Grécia não é favorável ao investimento;

– A Corrupção atingiu níveis assombrosos (especialmente no Sector da Saúde);

– Dívida Pública Grega acima dos 180%;

– Os Gregos não têm dinheiro para emigrar em busca de melhores condições de Vida;

Etc., etc., etc.

E diga-se que tudo isto são “heranças” do PASOK e da Nova Democracia, Partidos que são inteiramente fiéis à “responsabilidades inerentes à pertença no projecto europeu” (entenda-se aqui “responsabilidades inerentes” por austeridade) e que estiveram no poder em Atenas antes do Syriza ter lá chegado. Pelo meio, o PASOK pediu um Resgaste e a Nova Democracia outro. O Syriza espera agora o terceiro consecutivo, enquanto a Europa discute no Parlamento Europeu se os Gregos são, ou não um povo de preguiçosos que só quer viver à custa dos outros.

Contudo, atenção, não se deduza que os Gregos não têm culpa nenhum na situação em que se encontram hoje em dia. Pelo contrário! Os Helénicos têm muita “culpa no cartório”, mas a Europa também tem uma enorme “fatia” desta culpa, pois fundou a criação do euro numa realidade que não existe e que nunca existirá, enquanto a Europa tiver sempre duas e até mesmo três velocidades no que às economias dos seus estados-membro diz respeito.

Daí que eu diga que o momento é de acção e não de “politiquice”.

Citando, mais uma vez, o saudoso Capitão e adaptando a sua frase aos nossos tempos: “De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Bruxelas e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

Share this article
Shareable URL
Prev Post

O hábito faz o monge

Next Post

A ciência de ser Millennial

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

O último olhar

O Zéquinha já não mora entre nós. Deixou de ser físico e é apenas uma poeira cósmica que espalha magia para quem…

À mulher de César

Decorria, em casa de Júlio César, no dia 1 de Maio do ano 62 a.C., a festa da Bona Dea  “Boa Deusa”, uma orgia…

Ódio

Existem palavras que são consideradas muito “fortes” e uma delas é Ódio. Um conceito muito importante para…