Como diz sabiamente Heidi Klum, em Project Runway, “in fashion, sometimes you are in and sometimes you are out“. O mesmo é aplicado ao mundo que nos rodeia. No meio de tanta informação, há que saber separar o trigo do joio, o importante do acessório e o interessante do que deveria nem ter sido notícia. É disso que vive este espaço semanal, que pretende destacar algumas notícias, factos, curiosidades, pormenores, que marcaram a nossa semana noticiosa. Será publicado todas as Sextas-Feiras e terá como objectivo principal comentar aquilo que se destacou mais pela positiva e o que esteve, digamos, “menos bem”, o que nos alegrou e o que esperamos que não se torne a repetir.
Acima de tudo, pretende ser um espaço de discussão, onde espero que dêem uso aos vossos teclados e deixem a vossa opinião sobre os vários temas abordados fluir. Por isso, qual Katy Perry de 2008, escolhi o Crowdfunding que está a nascer em Lisboa como o Hot desta semana e a candidatura de João Ferreira às Europeias como o Cold.
Destaque da Semana
Em Outubro, a primeira plataforma de crowdfunding para uma cidade vai ser lançada pelo PPL – a plataforma de financiamento colectivo portuguesa criada pela Orange Bird, uma empresa nacional que nasceu da mente de quatro amigos – em parceria com a câmara de Lisboa. Esta plataforma investe, essencialmente, em quatro áreas distintas: imobiliário/reabilitação, I&D e prototipagem, startups e ainda produtos e conceitos. Com vista ao financiamento colaborativo e partilhado por comunidades de interesse, a nova plataforma será dinamizada pela autarquia, em parceria com outras entidades privadas. Entre os parceiros já conhecidos desta iniciativa, encontram-se a Fundação Calouste Gulbenkian, a Universidade Católica, o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), a Universidade de Lisboa e o Banco Montepio.
Anunciada por Graça Fonseca, vereador da Economia da Câmara Municipal de Lisboa, este passo importante para a criação de empresas e realização de projectos dinamizadores ganha uma nova projecção, uma vez que não existe nenhuma plataforma de crowdfunding de iniciativa pública. É de louvar este esforço de uma câmara municipal em criar um meio que permite aos seus cidadãos com ideias que queiram ver desenvolvidas alcançar os seus objectivos e, simultaneamente, testar a ideia, ou o projecto. Desta forma, é dinamizado o poder que o cidadão tem na construção da sua cidade, já que sugestões que podem ser feitas podem ir desde a criação de novos espaços públicos à renovação de edifícios, sendo o céu o limite no que toca a ideias e o que se pede é criatividade na sua concretização.
Se esta ideia for transposta para outras cidades do país, Lisboa e o resto do país está no bom caminho para ser um país mais competitivo, inovador e criativo.
Fava da Semana
A escolha de João Ferreira como cabeça de lista do PCP às próximas eleições europeias é ao mesmo tempo absurda e normal. É absurda, porque João Ferreira foi candidato a Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, nas últimas eleições, tendo sido eleito vereador do Município, sendo que, com a sua provável eleição para o Parlamento Europeu, terá de abdicar do seu mandato em Lisboa. Deve-se ter ainda em atenção que João Ferreira já era deputado europeu, tendo sido eleito com Ilda Figueiredo nas últimas Eleições Europeias e o seu mandato foi interrompido única e exclusivamente para a sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa. O que eleva esta situação a níveis elevados de absurdez é o facto de o PCP estar, constantemente, a criticar a postura de militantes de outros partidos, em que são escolhidos os mesmos candidatos a cargos diversos, por diversas ocasiões. No momento de acusações a outros partidos de má postura política, deve-se, antes de mais, analisar as decisões internas que são tomadas. Não é correcto apontar o dedo a outrem, quando dentro de portas se passa o mesmo, ou ainda pior.
João Ferreira capitalizou alguns votos por ter sido o candidato “sexy das autárquicas”, tendo conseguido um bom resultado para o seu partido em Lisboa, e a decisão do PCP de nomeá-lo cabeça de lista nas europeias não é indiferente a esse facto. Não está em causa a sua capacidade técnica, ou mesmo política, mas a sua escolha para concorrer a novas eleições, quando as últimas, na qual foi eleito vereador, decorreram há menos de 6 meses, parece-me uma afronta aos eleitores que o apoiaram.
No entanto, esta estratégia política é, infelizmente, normal na sociedade portuguesa. Há candidatos que abdicam dos seus mandatos, durante o decurso dos mesmos, ou até na própria noite das eleições. Se essa decisão fosse tomada pelos próprios a-priori, não haveria nenhum problema, uma vez que a lei permite esta atitude esquizofrénica. Há nesta postura um grau de informação adversa que distorce as decisões dos eleitores. Depois não se queixem que os portugueses não acreditem nos políticos e nas associações partidárias.