Na 69.ª gala de entrega dos prémios da Academia, um jovem com cara de puto e cabelo à tigela ganhava o seu primeiro Óscar como argumentista. Estou a referir-me a Matt Damon, de desconhecido a menino-prodígio. Estávamos no ano de 1994, e, com apenas 23 anos, Damon junta-se ao seu melhor-amigo de infância, o reconhecido actor Ben Affleck. Juntos escrevem o argumento do primeiro filme de ambos. O bom rebelde em título português, comprado por Castle Rock, juntava ainda Robin Williams ao elenco, e Gus Van Sant na realização. A história abordava, de forma dramática, um génio com aptidão para a matemática, que vivia desorientado. Conseguiu a ajuda de um psicólogo para mudar o rumo da sua vida. O filme conseguiu dois Óscares, de melhor argumento e melhor ator principal para Robin Williams. Nessa altura, subir ao palco para receber o prémio de máximo prestígio, abriu muitas portas para Matt Damon. Mas afinal quem era este rapaz tímido?
Matthew Page Damon nasceu a 8 de outubro de 1970. Após o divórcio dos pais, e, com dois anos, foi viver com a mãe e o irmão mais velho, Kyle, para Cambridge, Massachusetts. A mãe era professora universitária. Desde criança que Matt Damon imaginava-se como um super-herói. Escolhia uma das toalhas da mãe e andava com elas presas ao pescoço, a correr pela casa. “A vermelha era do Super-Homem, a azul era do Shazam. Foi assim que parti o meu tornozelo quando tinha três anos ao tentar subir a um móvel”, recorda o actor. Eventualmente a família de Damon já suspeitava qual seria o seu futuro. A caracterização noutras personagens e interpretações espontâneas eram constantes. A companhia para incentivar ao sonho de actor não demorou a chegar. Aos oito anos, Damon conheceu Ben Affleck, partilhavam o mesmo sonho de conseguir chegar a Hollywood. Com 18 anos optaram por caminhos diferentes. Matt ia para a Universidade de Harvard e o amigo a Universidade de Vermont.
Num mundo completamente diferente, ambos perceberam que a vida de estudante não era a mais indicada. Começaram a escrever o argumento de “O Bom Rebelde”. Em 1997, o filme já estava nos cinemas. Depois do boom da fama, Matt Damon conseguiu alguns papéis em filmes como O Resgate do Soldado Ryan, um drama de guerra com Tom Hanks, O talentoso Mr. Ripley e Ocean’s Eleven ao lado de George Clooney e Brad Pitt. No entanto já tinha conseguido algumas participações em filmes menores, como Mystic Pizza em 1988 ao lado de Julia Roberts. Pode dizer-se que Damon conseguiu sempre a sorte de estar ao lado de grandes actores, talvez por esse motivo conseguiu construir uma carreira sólida.
Voltou a ser novamente o menino de ouro de Hollywood, quando foi convidado para o papel que ainda hoje lhe dá a fama. Em 2002, era Jason Bourne o protagonista do filme Identidade Desconhecida, voltou a sê-lo em Supremacia (2004), Ultimato (2007) e mais recentemente em Jason Bourne (2016). Damon tem a capacidade de encontrar as características mais profundas das suas personagens. Pode dizer-se que já participou em todos os géneros cinematográficos, mas o seu mais à vontade é em filmes de espionagem e drama. Contágio (2011), Elysium (2013), The Monuments Men (2014), Interstellar (2014) e Perdido em Marte (2015) são obras do actor que valem a ida ao cinema.
Fora das luzes da ribalta, Matt Damon assume que vive uma vida totalmente normal, longe da loucura dos media. “Eu fui deixado sozinho, mesmo pelos paparazzi, porque o que vende é sexo e escândalo. Não havendo isso, eles não tem muito em que pegar. Continuo casado, continuo a trabalhar e continuo feliz“. Desde 2005 que é casado com Luciana Barroso. “Estava em Miami, em filmagens e conheci-a num bar, onde trabalhava“, recorda o ator como conheceu a sua esposa. O casal tem quatro filhas, Isabella (10 anos), Gia Zavala (8 anos), Stella Zavala (6 anos) e Alexia Barroso (18 anos), filha do casamento anterior de Luciana. “O meu coração cresceu cinco vezes o seu tamanho. Está sempre cheio o tempo todo“, explicou o ator numa entrevista à revista Parade. Homem de família assumido, tem por regra, não se distanciar da sua esposa e filhas mais de duas semanas, mesmo em gravações.
A sensibilidade, bom-senso e ar de good-boy são as referências que melhor caracterizam a personalidade de Matt Damon, talvez por isso a Forbes já o considerou como dos atores mais rentáveis de Hollywood.