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Nem se governa nem se deixa governar

Na semana passada, recebi via Facebook um desafio de um amigo que muito prezo. Pediu-me este que lesse e desse a minha opinião sobre esta Crónica da autoria de Rui Ramos, Crónica esta que fora publicada no site do Observador.

Decidi, então, aceitar o dito desafio e li o já aqui referido texto. Quando terminei a sua leitura veio-me logo à memória a velha e batida frase que fora escrita numa carta pelo General Romando Galba, que estava de serviço na Ibéria. Relatava o dito General a Roma que “há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa, nem se deixa governar!”

Com, ou sem intenção, Rui Ramos traz à baila esta velha cruz que pesa sobre os ombros do Povo Português. Isto, porque não há sistema político que o nosso País tenha experimentado que o Rui não critique e aponte defeitos. O Autor aponta o dedo aos Partidos Políticos, expõe os males do sistema actual e prolonga-os no tempo, mas não aponta uma única solução. Aliás, para o Rui toda e qualquer solução democrática é em si um problema.

Resta-me somente saber qual a sua opinião relativamente a um Regime Ditatorial com um sistema político centrado num Partido único, mas eu não quero ir por este caminho, pois acho que o Cronista não pretende sequer que ousemos pensar que este simpatiza com autoritarismos. Para mais este escreveu o seguinte:

A democracia em Portugal tem sido o domínio plebiscitário dos partidos políticos criados ou protegidos pelo MFA em 1974-1975. Têm sido eles os  porteiros, actores e maestros da política e administrativa em Portugal. Muito provavelmente, mudar o sistema político teria de consistir em mudá-los a eles, ou ninguém notaria qualquer variação. Se depois de uma qualquer reforma, tudo continuasse a passar pelas alfândegas do CDS, PSD, PS, PCP ou UDP-PSR, como desde 1974, quase toda a gente diria que estava tudo na mesma, por mais diferentes que fossem as regras e a organização dos poderes.

Ou seja, o Rui levanta a mão, atira a pedra aos telhados de vidro dos nossos Partidos, mas rapidamente esconde a mão que atirou a pedra para com a outra apontar o dedo ao Sistema Político vigente. E é aqui que, a meu ver, o Rui acabava por trazer à baila a famosa frase do General Romano. Se o fez conscientemente não sei, mas fê-lo e tal traz a lume o cerne da questão.

Quem tem culpa de termos nos nossos Corredores do Poder sempre os mesmos actores e actrizes não é o Sistema Político vigente. Aliás, o Cronista até refere no seu texto que este mesmo problema já existia na nossa distante Monarquia Constitucional e que a solução encontrada pelo Monarca da altura terminou com a implantação da nossa 1.º República.

O problema começa e acaba no Cidadão Português que na altura de exercer o seu dever cívico de voto das duas, uma; ou vota no seu Partido do coração, porque confunde militância e partidarismo com Associativismo, ou então nem sequer comparece nas mesas de voto, porque não acredita em ninguém e muito menos no sistema.

No dia em que os Cidadãos Lusos perceberem que são eles próprios que governam Portugal, deixaremos de ter mais dos mesmos no teatro do poder.

Votar em branco é também uma opção válida que passa uma clara mensagem aos Partidos Políticos que temos no nosso País. Se os Cidadãos portugueses estão como o Rui Ramos relativamente a quem nos governou, governa e governará, então, mostrem o seu descontentamento nas urnas, votando em branco para que desta forma se obrigue a que algo mude.

A ideia da inevitabilidade que o Cronista passa no seu texto é errada. Mais do que errada, porque em Política nada é inevitável e tudo pode ser mudado. Olhe-se para a cidade do Porto e veja-se quem foi que os Portuenses colocaram no Poder.

Se queremos que algo mude, temos de fazer por isto e não esperar que alguém faça a mudança por nós como parece desejar o Rui e outros como ele.

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