Nada se compara com um Huayra

Há marcas que produzem automóveis fantásticos. Há marcas que produzem feitos de engenharia nunca antes vistos. Há marcas que produzem peças de ourivesaria para a estrada. Há marcas que produzem automóveis tão bonitos que são capazes de nos tirar o folego, quando os vemos pela primeira vez. Depois há a Pagani, com a sua ultima obra, o Huayra, que engloba tudo o que foi dito acima.

O Huayra não compromete rigorosamente nada. É uma máquina com um só objectivo: andar depressa. O seu motor V12 biturbo de 6 litros construído pela AMG, fornecedores de motores à Pagani desde a fundação, é largamente considerado um dos melhores e mais bem equilibrados motores alguma vez construídos. O seu chassis monobloco usa uma malha de fibra de carbono e de titânio, tornando-o extremamente seguro e leve, e foi preferido o uso de uma caixa de embraiagem única, ao invés de uma de dupla embraiagem, pelo simples facto de ser mais leve. Em condições normais, atinge os 370 km/h.

No entanto, não é inovador por isto. Onde o Huayra deixa as restantes marcas a ver navios é na aerodinâmica. Para um automóvel andar depressa, precisa acima de tudo de ter um design que corte o ar com facilidade. Para se agarrar ao chão nas curvas, precisa de ter apêndices aerodinâmicos que gerem força descendente, apêndices esses que têm tendência a reduzir a velocidade do carro. Horácio Pagani, fundador da marca, resolveu o problema com uma resposta simples: Flaps, como os aviões têm. Colocou dois na frente do carro e outros dois na traseira, todos com movimento independente. Em velocidade, ficam fechados para melhorarem a aerodinâmica do carro, mas assim que se toca no travão abrem-se para reduzir a velocidade. São também usados para ajudar o carro a curvar melhor. Quando viramos o volante e consoante o angulo de viragem e a velocidade, abrem-se para gerarem mais força descendente e fazerem o Huayra agarrar-se melhor à estrada. Como consequência disto, é capaz de aguentar 1.66 G de força lateral, ou seja, consegue curvar com muita estabilidade a altas velocidades.

Isso cobre os fantásticos e os feitos de engenharia. Então e as peças de ourivesaria e a beleza onde estão? As peças de ourivesaria estão espalhadas por todo o Huayra, desde os escapes em titânio, aos silenciadores em Inconel (o mesmo material que é usado para fabricar os escapes da F1), à manete da caixa, extraída de um único bloco de alumínio, que produz um estalido, quando se muda de mudança, não esquecendo o sistema de som com 1200 watts de potência. Há mais inúmeros detalhes no Huayra, que o tornam, na sua totalidade, uma peça de ourivesaria. Como é um carro em que cada parte tem uma função precisa e que foi pensado e desenhado com o peso em mente, era de se esperar que o Huayra não fosse um carro bonito. No entanto, nada está mais longe da verdade. O seu design elegante e esguio, como se fosse uma folha, é dos designs mais felizes e bem-sucedidos que já apareceram.

Será certamente um dos carros clássicos da década.

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