Mulsanne. Para a maioria dos petrol-heads, é apenas o nome da enorme recta de Le Mans, para uma minoria é também o nome da curva no final da recta de Mulsanne. Para os amantes da Bentley, é muito, muito mais que uma simples recta ou curva. Para os amantes da Bentley, é o futuro, pois é nome do mais recente navio-almirante da marca. O Mulsanne é o corte decisivo na relação com a Rolls-Royce, que caracterizou a marca desde a década de 30. É o sinal de uma nova era, onde os Bentley já não são simplesmente Rolls-Royce com outro símbolo. É o grito final de independência da Bentley.
Para se falar do design do Mulsanne, é imperativa a comparação com o seu antecessor, o Bentley Arnage. Enquanto o design do Arnage era conservador, sem grandes apanágios de potência ou performance, o design do Mulsanne é completamente oposto, transmitindo não só a ideia de potência, ainda que subtil, como também a de performance, algo que temos vindo a surgir cada vez mais nos outros modelos da Bentley. Continua a haver a ideia de conforto e de luxo, mas o enfâse do design é na potência e na performance.
E potência é algo que o Mulsanne tem de sobra. Apesar da arquitectura original do motor ter mais de 60 anos, o mesmo foi todo redesenhado para o Mulsanne, tornando o velho em novo. Assim, o V8 twin-turbo de 6.75 litros, Six and Three Quarters como é mais conhecido, apresenta uns simpáticos 505 cavalos de potência e, com a ajuda da caixa de velocidades de 8 relações, é capaz de empurrar os 2650 kg do Mulsanne até a uns respeitáveis 296 km/h. Isto depois de ter cumprido os 0-100 km/h nuns curtos 5,1 segundos, consideravelmente mais rápido, em ambos os parâmetros, que o seu único rival, o Rolls-Royce Phantom VII.
Porém, num Bentley, o interior é o que mais interessa. E o interior do Mulsanne não desaponta em nada. Há uma abundancia de pele, madeira e metal que deixa qualquer um sem palavras e muitos sentem todos os bocadinhos possíveis do carro para se certificarem de são mesmo materiais nobres. Sim, há plástico no interior do Mulsanne e, sim, está à vista, mas é apenas o essencial e mesmo esse plástico tem um toque que se assemelha ao vidro. São estes pequenos detalhes que tornam um Bentley num carro diferente de todos os outros. A lista de opcionais é surpreendentemente curta, no entanto, tal deve-se ao facto de a grande maioria do que se esperaria ser opcional, já vem de origem com o carro, como as mesas de picnic rebatíveis, ou os bancos traseiros e frontais com massagem e aquecimento, a título de exemplo.
Como todos os Bentley, o Mulsanne tem uma enorme capacidade de personalização e, sendo o navio-almirante da marca, a personalização é ainda maior. Para o exterior, existem “apenas” 114 cores, já para o interior são umas míseras 24 cores de pele e 9 madeiras diferentes. No entanto, se achar que as suas opções, seja de cores ou extras, estão limitadas ou mesmo se quiser dar um toque especial ao seu Bentley a Mulliner, a divisão de pedidos especiais da Bentley, irá criar algo especial para si. Contudo, duvido que isso aconteça, uma vez que a Mulliner já antecipou praticamente todos os desejos dos clientes da Bentley.
Apresentado em 2010, no Concours d’Elegance de Pebble Beach, na California, o Mulsanne sofreu uma actualização de tecnologia em 2013 e, em 2014, foi apresentado o Mulsanne Speed, uma versão mais rápida e mais potente (305 km/h e 530 cavalos). No Salão de Genebra de 2016, será apresentado o restyling, assim como a versão longa (convenha-se que 5.5 metros de comprimento é pequenino). Em Portugal, custa 521 mil euros, sem extras. Com extras? O céu é o limite!