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Mensagem de Natal

Estamos no mês da bondade, da solidariedade e da partilha. Somente em Dezembro. Nos outros meses, onze, ninguém se lembra de ser altruísta, mas simplesmente egoísta. É essa a palavra que define a maioria das pessoas. Vivem a pensar em si e quando derrapam neste mês, reduzem a velocidade, vão com mais calma e param. Analisam e sabem quem são mas mostram uma outra faceta, aquela que desejam que seja vista. São todos uns amores, preocupados com o próximo e o seu bem estar. Uns queridos.

Porque motivo este mês, o último do ano civil transforma as pessoas em seres melhores e mais simpáticos? É o resultado da educação judaico-cristã que nos é inculcada e nos ensina o que é o complexo de culpa, o medo, os castigos e o pecado. Como é óbvio, para percebermos todos estes conceitos significa que fomos bombardeados com eles desde muito cedo, a toda a hora, para não ficarem esquecidos.

Os valores são polares, como todos sabemos. Os valores cristãos são muito específicos e redutores. Fazer o bem sem olhar a quem. Este quem tem de pertencer ao mesmo ramo, pensar de igual modo, ser digno de receber aquilo que lhe pretendem ofertar. Aos outros, aqueles que não aprenderam pela mesma cartilha, és-lhes vedado esse acesso. Onde está o altruísmo e o despojamento?

O complexo de culpa acompanha quem o entende e é uma forma de assustar quem é mais sensível. Aos brutos tudo passa ao lado. O medo é derivado do facto de se entender que algo pode não ser como se pensa ou, até mesmo, desconhecer o que seja. O castigo é uma penalização, algo que pune um comportamento que não se pretendia e o pecado é a maior invenção de todos os tempos.

A grande revolução do mundo foi o Cristianismo. A primeira foi a utilização do fogo, mas está a cair em desuso, sobretudo pelos adeptos do sushi e similares. A ideia de um Deus misericordioso, feito à imagem e semelhança do ser humano, uma religião monoteísta, abalou o mundo da época. Este seria corporizado num homem bondoso e tolerante que a todos acolhia, sem fazer distinção entre eles. O Messias. O seu grupo preferido, os escolhidos, os apóstolos eram homens vulgares e simples. Maria Madalena seria uma mulher de vida apontada, mas foi acolhida no seio dos especiais.

Como se pode entender que alguém com tão “open mind” pudesse fazer grupos de bons e maus? Não podia. Pregou a igualdade, um verdadeiro comunista mas esta não era totalmente aberta. Havia limitações: as mulheres, como sempre, ficariam para o fim e a forma de tratamento era diferente. Foi alguém despegado, sem interesses próprios e muito espartano no seu dia a dia.

A ideia do seu aparecimento está envolto numa névoa curiosa que permite tirar as conclusões que se entenderem. A mãe, símbolo de pureza foi perpetuado até aos nossos dias. As mães são perfeitas e imaculadas. Acreditamos? Eu prefiro que sejam pessoas reais, com defeitos e qualidades, como qualquer ser humano que se preze. Antes de serem mães já tinham uma vida que continua e tende a ser perpetuada. O pai acaba por ser maltratado. José é o padrasto, quem cria o filho de outrem, sem o discriminar nem escorraçar. Então?

Será que é aqui que começa o complexo de culpa, de o ter deixado ficar sem o protagonismo necessário, sem lhe dar o devido valor? O medo instala-se por se saber que não se está a agir de modo adequado, que se está a fazer uma grande maldade. Uma coisa leva à outra e o castigo carrega a culpa, numa cruz milenar que todos os dias incomoda. José criou o filho da sua esposa e ensinou-lhe um ofício. Deixou-o preparado para a vida. Não é isso que um pai faz?

O pecado é único e quem o inventou foi genial. Atribui-se pecados a tudo o que supera o considerado legítimo. Até há uma tabela de pecados, os mortais. Maravilhoso. Todos morremos porque não somos super heróis mas sim pessoas de carne e osso. Para quê o estigma do mortal? Sabemos isso! Mas torna-se mais tétrico, mais aterrador e mais fatídico! Pecado, palavra que soa a dor, sofrimento e castigo atroz: inferno!

Até Jesus Cristo morreu para salvar os crentes dos seus pecados. Como? Espírito de sacrifício? Que exemplo! E que fazem os seus seguidores para lhe agradecer? Continuam a cometer pecados, todos os dias, sem o menor arrependimento. Que bela paga. Não se enquadra dentro do parâmetro da igualdade, do dar e receber, do fazer o bem. Fazem é o mal e continuam sem a menor preocupação de alterar o seu comportamento.

Na modernidade, criaram-se outros pecados, não mortais, mas muito reais. Além dos já conhecidos podem-se acrescentar o consumo e o desinteresse. Jesus Cristo perdeu o seu mediatismo e deu lugar ao Pai Natal, um velhinho vestido de vermelho, gorducho e com barbas brancas, que distribui presentes por todas as crianças. A ilusão, mais uma vez. Quem se portar bem recebe uma prenda, caso contrário tem um castigo. Voltamos ao mesmo.

Regressamos a Dezembro, o derradeiro mês do ano, aquele que carrega o peso dos anteriores. Fecha-se um ciclo. Todos são exemplares e a maldade não existe. As estrelas guiam o caminho e os planos para o futuro não vão falhar. Compram-se inutilidades para provar que se preocupam com os outros, bagatelas que enchem o olho mas deixam o coração ainda mais gelado. O consumo reina e comanda e quem não se deixa levar na sua rede é colocado de lado. Santificou-se o esbanjamento.

Não querer saber de ninguém, a não ser de si próprio tornou-se vulgar e de culto. Para o ano será diferente, faz-se de outro modo, não vai ser assim. Este mês medita-se, redime-se dos erros e a preocupação é constante. Telefona-se aos familiares, mesmo que não haja vontade e está cumprida a obrigação. Depois logo se vê o caminho a seguir. O mesmo do costume: o desinteresse.

Natal é tempo de nascer, de voltar a encontrar a esperança, de renovar os votos naquilo que verdadeiramente interessa. Simboliza a pureza, a castidade, a ingenuidade e a boa vontade que alguns teimam em querer e acreditar. É tempo de neve, que terá de ser branca, que inunda os corações dos mais sensíveis e que acolhem em si a chama de que tudo, um dia, será melhor.

É altura para parar e reflectir, perceber o caminho a seguir, analisar tudo e entender que somos mais uma peça da engrenagem nesta máquina gigantesca que se chama sociedade. Precisamos todos uns dos outros e não podemos, de modo algum, ser insensíveis ao que nos rodeia.  O sono é purificador e bom conselheiro. Mas será que queremos mesmo mudar ou já estamos instalados no conforto da indiferença?

Será que o velhinho simpático, com as suas lindas barbas, serve para animar? Alinhamos com as suas parceiras renas? É tempo de calmaria e aproveitemos para viajar na esperança, distribuindo presentes, aqueles que fazem mesmo falta, como a compreensão, a tolerância, a simpatia, a boa educação e sobretudo a boa vontade.

Vou até ali com o Nicolau e quando voltar, quero encontrar um novo mundo, onde se viva como se diz, se faça como se pensa e se aja como se pretende. Ho! Ho! Ho! Aqui vamos nós!

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