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Humor, procura-se!

Falta por aí muito humor. Ou, então, andam todos a levar a vida demasiado a sério. Não vos custa já o fardo, é preciso carregar mais? Se o teu humor for demasiado irónico ou até mesmo mordaz ou, pior ainda, tiveres um humor negro de arrepiar pedras da calçada, estás condenado à sisudez pegada.

Já não se pode brincar com nada. Todos os assuntos são polémicos, proibidos ou ofensivos.

Passamos a vida num scroll frenético à procura de criticar o primeiro que se atreva a brincar sobre qualquer assunto que esteja na moda e seja nos dias de hoje, tabu.

Fica-me mal, se ao escorregar e cair uns dois degraus sem me aleijar, ficar lá a rir às gargalhadas até ter forças para me levantar. Isso ou esbarrar contra o vidro da paragem de autocarro e ficar zonza tanto do embate como de me rir de mim própria. Claro que a primeira reacção é perceber se parti alguma coisa (que a pessoa já não vai para nova e seria uma chatice). Contudo, rirmo-nos disso por boa disposição está completamente fora de questão nos tempos que correm.

Não nos levemos tão a sério e não sejamos tão sérios. Perdemos tanto por impor esta forma ríspida e até mal-humorada de estar na vida. Parecem todos o Ferrão Rezingão da Rua Sésamo.

Entre um bom pé-de-galinha nos olhos ou uma testa às riscas de tão tensa e franzida que anda, prefiro mil vezes sentir o sobrolho descaído de tanto sorriso e gargalhada dada. Sim porque rugas de expressão são bonitas e merecem andar à vista.

Pior que tudo é vivermos numa época que nem te percebem as piadas mais elaboradas e/ou nem se reage a uma boa piada seca. Porque a ironia é má educação ou porque uma básica piada seca é sinal de pouca inteligência.

Sempre ouvi dizer à minha avó: «muito riso, pouco siso» fazendo jus à falta de juízo do individuo que se ri de tudo e de nada. Nunca se pôs em causa que esse mesmo individuo não esteja para perder tempo com situaçõezinhas que em nada merecem preocupação ou mais importância do que a importância que realmente têm.

Ou a velha expressão «estás a rir de nervos». Não. Estou a rir e a sorrir mais do que o normal por estar efectivamente feliz por uma determinada situação sem pudor ou receio de ser mal interpretada.

E chegamos à dor-pública que anda por aí, em que todos são advogados de defesa de todos e de todas as causas. Que todos sabem muito do que é uma situação séria ou um assunto sério. Humor negro, humor de morte, humor de ressuscitar. Credo, não digas isso! Então, devo dizer o quê? Humor que não é caucasiano? Ou humor proibido?

“Há assuntos com os quais não se brinca. Não é fixe!” O que não é fixe é ser polícia literário.

Poupem-me, meus senhores, e deixemo-nos de andar a pisar ovos!

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico
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