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Horizonte Perdido

Não escolhi ler Horizonte Perdido.

A história da avioneta desviada da guerra que é levada para uma inóspita região esquecida nos Himalaias foi-me entregue pelo Saldanha Bento, meu director, com o aviso: Leia o prólogo. Mas leia-o mesmo! E eu li… às escuras, sem ter sequer antecipado a sinopse… peguei no exemplar da velhinha colecção de bolso dos Livros do Brasil e, com cuidado para não dobrar as pontas da capa em papel do livro emprestado, flutuei pelo prólogo sem cuidar que levitava por uma história tão fascinante senão quando, depois da palavra “Fim”, permaneci anestesiado.

Não soube dizer muito mais do que Gostei quando o devolvi, mas alguma coisa havia sido arrancada durante aqueles dias. A história é contada por um amigo de Rutherford, que lhe havia entregue um maço de folhas contendo o relato. Rutherford, escritor, encontrara Conway, o cônsul britânico, moribundo numa cama de hospital na China. É então que o cônsul, um dos quatro passageiros do avião perdido, lhe conta o inacreditável.

A escrita de James Hilton convenceu-me de tal forma que me levou, por incrível que pareça, a investigar se em parte se tratava de uma história verídica. O destino dos quatro ocupantes é tão inacreditável quanto maravilhoso, sobretudo se o situarmos antes de 1933 – ano da publicação – quando o mundo possuía ainda muito território por explorar (Hillary e Norgay só vinte anos depois fariam cume no Evereste) e abria o desconhecido ao sonho dos Homens.

Após a queda da aeronave, os ocupantes são conduzidos até ao lugar mítico de Shangri-La.

Em condições normais, este seria o ponto do artigo que me faria perder de imediato a vontade de ler Horizonte Perdido (tal não foi o trauma com a leitura de Siddhartha). Por isso dificilmente partiria de mim a decisão por tal leitura. Por isso o efeito foi tão conseguido. James Hilton consegue fazer-nos acreditar, ainda que durante o curto tempo em que nos demoramos na leitura deste pequeno tesouro, que é possível. Qualquer que seja o nome com que baptizemos tal esperança. Em Horizonte Perdido ela surge perdida entre as montanhas como Shangri-La. Após o pequeno avião lá ter caído num acaso; após o livro em mim ter caído por acaso.

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