Enquanto republicanos e democratas se envolvem em mais uma disputa contra ou a favor do Obamacare, a conversa nos bastidores é outra. Apesar de faltarem mais de três anos para as próximas eleições presidenciais, o mundo aguarda ansiosamente pela resposta à questão que a cúpula politica norte-americana tem feito: para quando o anúncio da candidatura de Hillary Clinton?
Afastada do governo e da vida política desde Fevereiro de 2013, Hillary goza junto da opinião pública e do partido democrata uma forte base de apoio. Para a sociedade civil é vista como uma mulher forte e bem-sucedida, que conseguiu ultrapassar obstáculos e crises – o escândalo Monica Lewinsky – sempre de cabeça erguida. Junto da comunidade politica, a sua actuação como Senadora de Nova Iorque e mais recentemente como Secretária de Estado dos EUA, no primeiro governo de Obama, fazem dela, aos olhos dos democratas, a candidata ideal para suceder Obama.
Embora Hillary já tenha declarado publicamente que apenas tomará uma posição oficial em 2014, as movimentações para apoiar a sua candidatura já se iniciaram. De acordo com a Reuters, o movimento “Ready for Hillary” já é “o maior e melhor financiado grupo independente de apoio a uma candidatura presidencial”, graças ao apoio do multimilionário George Soros, que habitualmente contribui para as campanhas democratas, mas que o ano passado manteve-se à margem da campanha de Obama. Este apoio público de Soros não só representa um factor importante para o financiamento da campanha eleitoral, como enfatiza, ainda mais, a notoriedade pública e prestígio social de Hillary.
Os Contras dos Republicanos
Do lado da oposição, os preparativos para uma eventual candidatura de Hillary também já começaram com o surgimento de vários movimentos independentes contra “mais um Clinton” na casa branca. Stop Hillary PAC é um dos comités de acção politica mais activo nesta missão de travar Hillary e que conta com a liderança do Senador republicano de Colorado, Ted Harvey.
Com recursos às novas tecnologias, divulgando vídeos negativos, este movimento tem-se empenhado em “alertar os americanos preocupados” para os efeitos negativos de um governo Clinton. Além da idade de Hillary, actualmente com 65 anos, os activistas deste comité chamam a atenção para a máquina Clinton que, mais uma vez, prepara-se para impor a sua vontade aos norte-americanos.
Recorrendo a exemplos, como o ataque ao consulado norte-americano, na Líbia, que vitimou o embaixador norte-americano, Christopher Stevens, este grupo pretende mostrar que tal como Obama, Hillary não defende realmente os interesses nacionais, regendo-se por uma atitude de concertação e diálogo com terroristas. Toda esta questão da segurança nacional e mundial é uma das grandes bandeiras usadas pelos grupos contra Hillary que exigem uma intervenção mais activa nos conflitos internacionais, por parte dos EUA.
No entanto, se hoje os democratas tivessem que indicar um candidato para as próximas eleições presidenciais, de acordo com uma sondagem recente da Reuters, Hillary surgiria com uma vantagem clara de cerca de 40% sobre o hipotético concorrente, Joe Biden, o homem que a substituiu no cargo de Secretária de Estado, em Fevereiro deste ano. Mesmo ponderando todos os contras, a idade, o fantasma de Bill Clinton que poderá agir nos bastidores e a acção diplomática, a notoriedade pública de Hillary parece inabalável.
O caminho para se escrever mais um capítulo na História politica dos EUA afigurar-se, mais uma vez, do lado dos democratas. Em Novembro de 2008, o mundo assistiu à eleição do primeiro presidente afro-americano, em 2016 poderá ser a vez de Hillary, a mulher que, ao longo destes anos, tem sido a figura feminina mais importante da política norte-americana.